Confissões de uma mãe
Angélica T. Almstadter
Quando vieste ao mundo...era mesmo pra ser diferente....
Eu acho que não estava preparada para tua chegada...
Mas tu viestes...cheio de vida e rompendo a calmaria dos meus sentimentos...
Quando eu te encarei de frente...fiquei surpresa...
Como uma criatura tão indefesa podia mudar o meu jeito de ser...
Promover tantas sensações...tantas confusões dentro de mim?
Eu não pude te compreender...e até não consegui te aceitar...
Tu me tirastes dos meus trilhos...e provocastes em mim uma grande revolução
Tive os dias trocados pelas noites...me peguei muitas vezes chorando...
Por não te compreender...por não saber o que fazer...
E diante do teu olhar tão inocente...tão carente do meu amparo...
Eu me senti...delinqüente...vazia e rota como um trapo...
Mas estavas ali...sempre...e me procurando a todo momento...
Tive que vencer minhas dores...aprender a tua linguagem...
Enfrentar a minha pouca vivência...e entender os meus limites...
A medida que os anos foram passando...fostes me provando...a cada dia...
O quanto eras diferente...e o quanto eu teria que aprender para contigo conviver...
Confesso...que ainda não aprendi...confesso que não venci a minha frustração...
Como é terrível eu confessar que não consegui ainda te compreender...
Não aprendi te olhar com os olhos da alma...sem trauma...sem revolta...
Mea culpa...mea culpa...reconheço minha ignorância...minha enorme limitação...
Ainda olho nos teus olhos...procurando te encontrar...mas foges de mim...
E cada vez que olho nos teus olhos...vejo o quanto ainda és inocente...
O quanto és carente da minha proteção...e o quanto ainda preciso aprender de ti...
Já se passaram tantos anos...e outros tantos ainda virão...nessa luta...
Aceita-me...como sou...com meus medos e receios...
Me ensina te amar incondicionalmente esse teu jeito diferente...