Próximo vôo

Eu quase descobri o que falta. Quase descobri o que procurava. Ainda não encontrei minha missão. Aquilo que também não consegui nas minhas outras chances, nas minhas possíveis outras vidas. E se essa coisa toda não existir, eu preciso descobrir o que quero aprender nesta única e curta existência.

Não posso explicar, só consigo sentir. E vou aproveitar enquanto é forte. Desta vez eu consigo. Vou conseguir, vou me esforçar! Não importa quantas vezes vou cair, não importa quantas pessoas vão me magoar. Não quero esconder. E não vou!

No fim de tudo descobri que posso controlar o que sou. Posso mudar, sempre pude só que nunca quis. Consigo tornar as pessoas mais felizes, é, consigo sim.

Foram muitas coisas que escrevi, muitas apaguei e no fim, a lugar nenhum cheguei. Não sei se é bom, se é ruim, pois o destino era tocar algum coração.

Raposa, cadê os outros? Antes éramos um grupo grande. Cada qual com cada quem.

Eu só quero que eles sejam felizes, só isso.

Adeus pequena raposa. A coruja solitária irá partir nesta noite. E pode ser que ela nunca volte. Ou que volte, mas nunca tenha coragem de se aproximar.

E sobre minha frieza, meu desinteresse, eu só estava tentando não lhes machucar com meu sadismo. Não queria te machucar, nem mesmo aos outros. Nunca quis e por este motivo eu estou indo.

Sei que tomo seu direito de escolha. Sei que não os deixo escolher se se machucarão ou não. Sei também que pode achar que estou sendo egoísta...

Ou pode não achar nada. Eu não tenho ciência ao certo o que estou fazendo. Antes eu tinha, agora já é tão confuso. Só quero não ser ruim, não pra você, que me é um alguém especial que carregarei por toda minha vida e nem para todos os outros, que não eram raposas, mas me eram especiais.

Sei que alguns nada entenderão, eles não eram do nosso bando mesmo. Possivelmente não saberão do que falo. Nem do porque eu falo. Mas agora, nesta hora, só consegui lembrar-me que deveria agradecer. Só queria a todos pedir desculpas.

Desculpas pelo que fui, pelo que sou, por todas as coisas que não consegui terminar, ou falar, ou fazer. E principalmente desculpa por tudo que pude ter feito e não fiz.

Acho que aqui encerro tudo, abrirei as longas e pesadas asas, tenho um destino a desvendar, sozinha.

Viajante Ls
Enviado por Viajante Ls em 11/01/2010
Reeditado em 18/02/2014
Código do texto: T2022748
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.