Essas tardes tão mornas e carregadas de sentimentos contraditórios

Essas tardes tão mornas e carregadas de sentimentos contraditórios

Olá meu amigo, mil beijos para você. Sinta-se abraçado e amado nesse exato momento em que estiver lendo esta carta.

O título da carta ficou muito extenso, porém, é tudo o que estou sentindo agora, sentimentos contraditórios. Depois de uma semana, onde consegui vencer algumas etapas do que planejei, deveria estar realizada e satisfeita pelo feito, mas não. Estamos, sempre tão inconformados com tudo em nossa vida que nem damos graças pelas pequenas coisas que conseguimos. Aí de repente, vem essa tarde mansa, com o restante do seu bafo quente que vai se agasalhando tal qual uma amante a espera do último raio de sol sobre nossos pensamentos carregando um cheiro morno onde é possível perceber todos os sentir. Sentimos saudade, sentimos afobação, sentimos paz, sentimos Deus, sentimos tudo tão confuso como se nos fosse dado um instante para reler o seu dia para reestruturar-se na hora do descanso. Nõs, como sempre, não procuramos descansar achando que viver é fumar até a última ponta do cigarro e mandar o mundo danar-se. Que pena não nos percebermos e nos reencontrarmos nessa vida louca que instigamos todos os dias para sermos notados. Como conseguimos ser notados se não nos notamos? Vamos atropelando tudo feito crianças atrapalhada e cheia de vontade de descobrir o mundo!

O tempo passa e esse cheiro brejeiro vai invandindo os sentidos e nos fazendo olhar para os lados e, de repente, vem a calmaria porque o vento começa a soprar frio enchendo o coração de satisfação.

Boa tarde, te encontro por aí em outro pôr-do-sol.

Elvira Pereira de Araújo