Alguém me explique

Vivemos virtualmente. Ponto.

Há uma vida imensa e intensa lá fora. Basta olhar para a janela de nossas casas e esquecer as janelas do Windows.

No mundo real, somos Josés, Marias, Antônios, Anas, etc... nossas máscaras são as já manjadas pelos estudos psiquiátricos e, portanto, razoavelmente aceitas como intrínsecas à nossa humanidade.

E então vem a questão: Qual a razão de tantos "fakes", "nicknames" e outros disfarces no mundo virtual? Porquê nos escondemos tanto, já que teoricamente a virtualidade já é uma proteção?

Seria nossa sede de fantasia?

Nosso medo de nos revelar? Ou a forma que encontramos para nos revelar?

Não cabe aqui nenhuma crítica, sob nenhuma hipótese, a quem adota pseudônimos para mostrar sua alma através de seus escritos, grandes escritores fizeram e fazem isso o tempo todo. Só não entendo...

A grande genealidade dos heteronômios fica por conta do grande Fernando Pessoal. Sob cada assinatura uma alma diferente, uma personalidade totalmente diferente, uma intensidade espantosamente diferente. De enlouquecer.

Escrevendo o que escrevo (bem ou mal), com a multiplicidade de emoções, sentimentos e personagens, não consigo assinar algo que não seja o meu próprio nome.

Nunca fui artista e alguns versos dão a entender que me banho das luzes da ribalta e me alimento de aplausos. Assino Mauro Gouvêa.

Nunca fui pedinte e, aqui e acolá ponho-me como mendigo. Assino Mauro Gouvêa.

Humildemente, assino Mauro Gouvêa

Pedantemente, assino Mauro Gouvêa

Jovialmente, assino Mauro Gouvêa

Romanticamente, assino Mauro Gouvêa

Em todas as histórias vividas por mim ou captadas por minha imaginação, assino Mauro Gouvêa.

Alguém me explique: sou um ególatra ou um esquizofrênico?