Lavras, 21 de julho de 2010.
 
Ontem foi o seu dia...
 
... e eu, de caso pensado resolvi deixar passar em branco. Eu ia até escrever alguma coisa só para ser igual, mas não havia nada que eu pudesse escrever que já não tivesse sido escrito. Pelo menos ontem. E eu queria escrever algo que só fosse meu e seu, mas por mais que procurasse não achei. Eu estava tão comum que não estava combinando nem um pouquinho com esse dia tão especial.

   É. Ontem foi seu dia sim, mas eu já começo a emperrar por aqui porque não concordo que haja só um dia especial para você. Para mim todos os dias são seus porque nada há de melhor na vida do que sua existência. Porque você existe é que as coisas podem ser diferentes para mim. Porque você existe sou melhor do que sou. E é assim então que você faz parte de meus recomeços e de minhas conclusões, de meu cotidiano e de minha eternidade .

   Você sabe de mim os segredos mais escondidos, segredos que eu não contaria nem a um padre, se duvidar nem a mim mesma, mas que contei para você e quando não contei, você adivinhou.

   Você sabe de minhas dores e minhas alegrias, de minhas vitórias e meus fracassos. Conhece meus medos e fraquezas e onde se esconde minha fortaleza. 

   Com você é que eu falo sem medo de parecer tola, sem medo de me sentir orgulhosa. Para você eu nunca preciso dizer não, pois nunca me pede o que não posso dar. Você lê nas entrelinhas do que escrevo, ouve as palavras que não falo, diz as palavras que preciso ouvir, segura em minha mão mesmo quando está longe.

   Eu me lembro bem quando nos reconhecemos por que é assim que acontece conosco, as vezes nos perdemos, mas sempre nos achamos e quando isso acontece parece que nunca nos separamos, porque assim é a existência, os círculos entrelaçados e nós sempre nos entrelaçando.

 Sim, eu conheço tanto você que sei o que passa por sua cabeça agora, sei que está dizendo que se você é isso tudo para mim é porque também se sente assim a meu respeito. E eu não vou negar que isso seja verdade, não há outra forma de ser amigo a não ser um ser para o outro tudo que importa. Não existe amizade quando o sentimento não é recíproco. É a reciprocidade o elo que torna indissolúvel essa relação. É impossível a relação de amizade quando um só dá e o outro só recebe.  O ato de dar e o receber  é como um fluxo contínuo entre nós, onde dispensamos as cobranças e respeitamos a forma de cada um ser, porque não somos um, mas dois, dois amigos cada um com sua individualidade,fragmentos interligados do Poder Criador. Dois amigos capazes de rir e chorar juntos, rir de si mesmo e do outro e mais que tudo, chorar pela dor que o outro sente como se fosse a sua própria dor.

      Essa carta é pública e é sem nome porque verdadeiros amigos sabem que o são. Não precisamos dizer para o mundo: Somos amigos. Sabemos disso e é isso que importa. Não tenha dúvida: essa carta é para você, mesmo que ainda não se reconheça como tal, achando que eu exagero. Amigos tentam mesmo subestimar sua própria importância. 

      E assim, como em uma carta antiga, encerro estas mal traçadas linhas, repetindo como a canção, na certeza de que “qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”, seja lá onde for, seja lá como for. E quando isso acontecer, como boa mineira que sou, levarei além do meu apertado abraço, um queijo.
                                                                      Eu.
 

Uma carta verdadeira escrita para todos aqueles que aqui se reconhecerem, em parte ou no todo, como sendo um (a) amigo (a). Foi uma amiga quem me ensinou, contrariando o dito: companheiros, conhecidos, tenho muitos, mas amigo! Pois eu afirmo que tenho muitos amigos e todos eles têm o momento certo de estar na minha vida e eu na deles. Amigo não precisa ser perfeito, bastam estar ali quando precisamos um do outro. A todas essas pessoas, reais ou virtuais, que tenho a alegria de reconhecer como amigo, a minha gratidão. Maria/Maria
Olimpia/Olimpia/Pia/ Merô.