Não é uma Pedra, e sim, só mais uma Pedra a "Janaina Braga"minha amiga

Sabe, eu queria lhe dizer tanto, mas as palavras me fogem. E hoje aqui, sozinha, te lembro ainda menina. Com os cabelos loiros, os seus curtinhos e os meus tão longos. Meus cabelos pretos que timidamente usava para esconder meu rosto, em contraste com a lourinha alegre que, sorrindo alto, se fazia mostrar.

Pensa, desde cedo a nossa diferença... Dizem que os opostos se atraem, será que também isso, dentre tantos outros motivos, fez com que hoje, aqui e agora, estivesse eu a lhe escrever esta carta? Revivendo momentos, que apesar do tempo se fazem ainda presentes? Jesus o Bom Pastor, a dona Eva, o amigo Paguemo... Claro, tu não se lembra e fica aí rindo a toa: “Mas será de onde ela desenterrou esse povo?”

E lembro com saudades daquelas duas meninas que um dia se conheceram no escritório e, depois disso, nunca mais se separaram.

O tempo foi passando, os primeiros cigarros, os primeiros tragos e o meu primeiro namorado. Até os caras nós dividimos, lembra? Ainda há pouco me lembrei dos almoços que a gente amigavelmente dividia na mesma vianda no escritório da Osvaldo cruz,o empanado de frango era pequeno pra nós duas, e as vezes vinha queimado,mas,repartíamos mesmo assim lembra?Tudo bem imagina se você se lembraria disso. É que sempre fui assim, guardando dentro de mim o que julgo importante, mesmo que para tantos um empanado queimado não tivesse nenhum tipo de significado. Mas o que ninguém sabe é que embutidos nesses detalhes, nesses pormenores, está a força da cumplicidade e do grande mistério da afinidade...

Lembro-me de Santa Rita, do tio Pingo e da Creuza fumando um baseado e aquele torresmo que a gente comia quando ia lá...

A tua casa, “nossa” casa em que dividíamos o quarto e a minha parte era sempre uma bagunça. Lembra do Fernandinho?

Nossa! Quantas coisas vivemos juntas. Até que um dia o destino bateu à sua porta, março de 2001 se não me engano, Iria para São Paulo, fazer aquele curso de aeromoça,. Era o endereço do “inferno”, do “fim do mundo”, pois seria ali a sua nova residência. Assim... Tão longe da gente...

Naquela época não existia Internet, as ligações eram caras, restava-nos então nossas mensagem por celular ou o trambique que a gente fazia com os cartões raspados da crt. “Eu como sempre só queria falar de amor e relacionamentos”. Romântica, vivia eu no mundo da lua, pois enquanto eu sonhava, você agia! Também de futilidades, aliás, naquele tempo, era do que mais falávamos. Mas era tão gostoso tão saudável. Momentos inesquecíveis, cuja maior preocupação eram comprar roupas, ir pra fora final de semana lavar roupa e passear bastante.

Uma vez você me ligou " Vou pular do quarto andar”. Odiava ficar sozinha, tão distante dos amigos. Mas o que não sabia é que em vez do quarto andar, seu pulo foi mais alto muito além do esperado. Com a cara e a coragem, pulou de cabeça no mundo!

Tantas experiências, boas, ruins, loucas. Mas o que sempre me impressionou, não só a mim, mas a todos, é que nas maiores adversidades, você foi exemplo de força, persistência e coragem. E nunca, em momento algum, deixou de sorrir. Aliás, você não sorri, você fabrica risos: escandalosos, únicos, divertidos. Sem dúvida sua marca registrada.

E o tempo foi passando, com a vida lhe mostrando caminhos certos por linhas tortas. Sabe amiga, na sua jornada nunca foi fácil encontrar a luz no fim do túnel. Foi preciso muita garra, disposição e coragem para que assim, ao final do dia, seus olhos se ofuscassem com o brilho de suas conquistas.

Do céu, a única coisa que lhe caiu foi o infinito amor de Deus que, ao designá-la para cumprir sua missão aqui nesta vida, com certeza pensou: essa vai ser forte, incansável nas suas lutas e grandiosa nas suas vitórias. Uma grande filha, com uma missão a cumprir”. E assim, quando Ele a entregou a seus pais aqui na terra, recomendou a um anjo amigo “cuide dela, acompanhe-a sempre, principalmente, nos momentos mais difíceis”. E desde então, esse anjo bonito lhe dá as mãos.

Pois é, agora essa. Mais uma pedra em seu caminho. Pesada, né? Caindo assim de repente, sem pedir licença. Sequer uma plaquinha de alerta. E, quando menos você espera, aí está ela, impedindo sua caminhada, como se quisesse medir forças.

E com os olhos ofuscados, pelas lágrimas que lhe descem à face, lagrimas que se confundem com o vinagre da salada de alface no almoço, pois alem de tudo ainda tem a maldita dieta, você olha ao seu lado, esta ali o anjo que lhe guarda. Seus amigos que te acompanham, e decidida diz: “Será apenas mais uma pedra”. E confiando olhará para o céu, onde eles, os seus pais Deus e Antonio, estarão lado a lado, dando-lhe força e mais uma vez, coragem.

Sabe amiga, fica tranqüila, porque também nessa estaremos juntas. Sei que o fardo é pesado, muito mais do que imagina. Saiba que existe uma corrente grande que, de mãos dadas, estará ao seu lado para o que der e vier. Mesmo que para isso, à custa de muito sofrimento, precise destruir a “pedra”. Confia! Deus quer de você a sua missão cumprida.

Sete anos se passaram desde a primeira carta que foi escrita a essa amiga – a maior de todas. Como previ, as adversidades foram superadas, pois ela, exemplo para muitos, nunca deixou se abater.

Hoje, aqui estou tentando lhe escrever outra carta: em agradecimento, carinho e amizade pelos nove últimos anos que juntas passamos neste mundo aqui. Mas o destino, mais uma vez, nos uniu de uma forma tão bonita que julgo não separarmo nos mais.Se um dia partimos, deixará saudades esta amizade. Mas não há de ser nada, afinal, nossa amizade não tem fronteiras, até mesmo porque, acredito eu, vem de outras vidas. Em agosto do ano que vem, com certeza, vou chorar ao ver minha amiga querida segurar o canudo, minha irmã que me apoiou sempre me mostrando os dois caminhos, que me ensinou tudo qeu sei da vida,muitas vezes ocupando o lugar da minha mãe que tinha outros problemas mais importantes que eu,esta é para voce que mora no meu coração sem pagar aluguel e aceita minhas chamadas a cobrar, minha grande e maior amiga:

Janaina Braga Cardoso.

Te amo do fundo do meu coração!!

Suelen Mônaco
Enviado por Suelen Mônaco em 16/10/2006
Reeditado em 15/11/2006
Código do texto: T265917