Abre o olho, cabrón.

Abre o olho, cabrón. É essa estrada que os teus pés querem trilhar? É esse o caminho que vai te levar aonde você quer chegar? Abre os olhos. Esse papo de que Deus olha por ti é balela. Onipresença, onipotência, onisciência... Balela, cabrón! Quem olha por ti no dia-a-dia são os vizinhos fofoqueiros, quem fala mal de ti não é o diabo e quem vai te salvar dos pecados não é Deus. Aliás, pecado é acreditar nessas mentiras que te contam.

Sobre o tempo não tenho muito o que dizer. Inodoro e assimétrico, eu gosto da sua forma bruta e das marcas que ele deixa na nossa pele.

Sobre o amor sei pouco, ter um coração não basta para saber sobre o amor. Paixão não é amor, amizade não é amor, sexo não é amor. Sobre o amor sei apenas que ele não respeita padrões nem paradigmas, não tem idade, nem cor, nem preferência sexual.

Então abre o olho, cabrón. Vê se as tuas idéias não são balela... Vê se a tua vida não é cheia de farsa e idéias ridículas. Vê que o preconceito não é só contra a cor da pele, contra a classe social... Preconceito também são os teus olhos com viseira que não enxergam que a vida é muito mais que roupa, muito mais que palavras requintadas, é muito mais... Vê por quem tu te apaixona e se pergunta por quê tu te apaixonou. Procura saber as coisas, principalmente as coisas que tu sente. Abre os teus olhos e deixa eles expandirem tua mente...

Então, mais uma vez, abre o olho, cabrón. Os olhos são a janela da alma.

12/01/11