E agora essa tontura

E agora essa tontura. Já não bastasse a falta de intimidade com a realidade, a vontade de desmaiar fingido. Agora sente tontura.

Enquanto sobe nos postes a procura de uma luz mais próxima, a mesma idéia se confunde nas meditações, qual luz?

Essa incapacidade de mexer os dedos. Passa a impressão da esperança já mastigada e cuspida. Porém, como sempre, a recoloca na boca e a gasta até seu aparente fim.

É difícil entender o porque dessa letargia, como algo que força seus olhos pra tentativa impossível de gostar, de se maravilhar com o que chamam de pequenas belezas da vida. Uma tontura amargurada, cativa a parte fria do seu ser, destruída a fé em si e em todos e no todo. Um caminho manso para a desistência, indo lento, culminando num ponto fraco, numa tristeza crua e calma.

Onde está a vida prometida a cada momento que desiste desta? E os risos que tanto provoca? Se desfazem como neblina, sempre a te tampar a visão se próxima, e mesmo assim, não é nada quando passa? Ou os sons ficam guardados para se repetirem em tristes gargalhadas esquecidas pela incapacidade de senti-las suas?

Silvestre Neto
Enviado por Silvestre Neto em 27/06/2005
Reeditado em 12/07/2011
Código do texto: T28238