Pranto

Chorei porque percebi que a saudade é bem maior num quarto vazio. Chorei porque sempre choro quando vejo que não tem mais volta. Choro quando percebo que a estrada fica distante a ponto de não mais enxergar o que se ama. E é sempre no silêncio da noite que choro, como quem reza escondido outra reza que não para o mesmo santo de sempre. Rezo para os pecados e para os erros da mesma maneira que os choro em um pranto incontido e fico triste ao perceber que só se alimenta a alma chorando, decorando o pranto como a um prato cheio de ilusões e saudades e amores que nem foram amores. Chorei porque sonhei contigo e estavas de mudança, a casa estava vazia mas no meu antigo quarto ainda tinha a minha velha cama. Chorei porque foi um sonho triste, uma lembrança de uma casa que eu nunca mais entrarei. Não estar mais ali me dói. Não te ver mais ali me dói.

E sempre que eu caminho por perto eu olho para ver se te encontro. E sempre que eu passo por lugares onde tenho resquícios de lembranças de você, eu te procuro. E não sei mais o que dizer, nem o que sentir, sendo que tenho mágoa e rancor e tenho tanto receio da rejeição quanto tenho certeza do amor que sinto. E dói, sabe? E por isso, na maioria das vezes, eu só choro à noite... Porque dói tanto que choro até dormir e, dormindo, me parece que é tão mais lindo morrer de amor.

26/09/11