Memorial

Que palavra mais esquisita. No entanto para se falar de passado essa palavra parece ser a ideal.Vou falar sério e começar este memorial, mas este não é um memorial qualquer. Esta é na verdade uma historia de amor que ainda não tem final, mas que espero seja muito feliz.

Memorial é realmente uma coisa muito difícil de se escrever, mas ao mesmo tempo, penso eu, pode ser prazeroso por permitir lembranças de tempos que não voltam mais. Espero conseguir nesse meu memorial reaquecer meu cérebro e acender boas lembranças.

Fatos curiosos surgem e me lembro meu primeiro contato com a língua estrangeira ou língua de “gringo”, como dizia meu pai. Comecei a ter contato com a língua de “gringo” com mais ou menos uns oito anos de idade e isso se deu porque estava lendo revista em quadrinhos (onde aprendi a ler) e descobri uma propaganda de um produto q não me lembro mais. Mas o que importa mesmo é que nessa propaganda havia um the e isso me intrigou porque em Português eu nunca tinha visto nada parecido. Lógico que eu já havia ouvido musica inglesa, mas não havia ainda me dado conta de que as palavras cantadas na musica poderiam ser outra língua, ou mesmo como se poderia escrevê-las.Perguntei a meu pai o que era o tal the e ele me falou pra perguntar a mãe. A mãe disse que essa palavra era inglesa, que ela não entendia e que a pronuncia certa era tchê, isso mesmo, do jeito que os gaúchos falam. Então fiquei com isso na cabeça ate o dia em que tive minha primeira aula de inglês na escola, e isso foi na 7º serie, mais ou menos uns 8 anos depois. Gostava das aulas de inglês porque eu aprendia palavras novas e cantava numa língua que meus amigos não entendiam (às vezes nem eu) e podia ver algo alem de coisas que eu já gostava em termos de língua. Como eu lia muito, me imaginava lendo coisas em Inglês e isso me fez apaixonar pela Língua. O resultado disso é que anos mais tarde resolvi ser professor de Inglês.

Fiz inglês na 7º e 8º serie e fui fazer o segundo grau quando só tive aulas de ciências exatas. Em 1998 voltei a ver inglês no curso pré-vestibular e me preparei bem para as provas aqui da Universidade-mãe (UFMG). Passei e minhas melhores notas no vestibular foram em Língua Inglesa. Estava apaixonado pela língua e por isso quis fazer faculdade, onde no primeiro semestre de Inglês a universidade foi mãe e eu não fui um bom filho e fui reprovado. Para mim isso foi a pior coisa, mas não desisti e no período seguinte refiz o Inglês I e passei com um A bem convincente.

Até o começo de 2002 eu trabalhava como gerente de uma grande empresa e era muito bem pago, mas isso não me trazia satisfação, já que eu estudava e não via sentido prático no que eu fazia. Então surgiu uma oportunidade no projeto de Educação Continuada e minha vida mudou completamente a partir daí. Saí do emprego e passei a me dedicar ao Projeto. Depois disso terminei a faculdade, fui aos Estados Unidos e passei em um concurso público e sou professor de Língua Inglesa na Prefeitura de Contagem, do Centro Acadêmico de Ciências Sociais da FAFICH/UFMG, além de ter sido professor do Centro de Extensão da Faculdade de Letras da UFMG por 5 anos. Amo a Língua Inglesa sem desprezar a Portuguesa. Lembro-me que nos primeiros dias em que estava lecionando me sentia arrepiado em ver e sentir o que era ser professor. Amo lecionar e sei que estou muito distante do professor ideal e que minhas aulas tem muitas falhas, mas procuro sempre corrigí-las e acredito que tenho melhorado muito. Esse é o meu memorial, não um memorial qualquer, mas um relato de uma paixão de criança que se consolidou quando me tornei adulto.