DIALOGANDO COM MEUS PAIS

DIALOGANDO COM MEUS PAIS

Bom dia meus pais, Otília e Otaviano!

A sua bênção, Mainha!

A sua bênção Painho!

Com a ajuda principal de Deus, quase tudo que sou e que chama a atenção dos outros, ou me norteia as atitudes é fruto do que vocês me ensinaram.

O desapego (desde os onze anos), a saudade, a honestidade, a sensibilidade, o Amor que sempre perdoa porque o coração é grande, a doação, suportar a dor com dignidade, cair e levantar sempre, o amor com os filhos, a defesa dos direitos, dos sonhos e da liberdade.

Vocês me ensinaram a lutar sempre, a não desistir da luta e da alegria de viver.

Continuo brigona, continuo sonhando, continuo acreditando em Deus, continuo amando vocês.

Persisto mantendo a alegria, mesmo depois de qualquer dor, como a minha mãe. Permaneço sorrindo, cantando, rezando, combatendo para me defender e, também, tendo meus momentos “Deprê”, outros de “Passiflorine” e “dores no peito” – mais sentimentais do que físicas – como a minha mãe.

Prossigo escrevendo tudo em todo papel ou caderno que encontro, como a minha mãe, e agora também no computador. Persevero lendo tudo que encontro, como o meu pai sempre fez e me estimulou a fazer: são poesias, sonhos, momentos alegres e tristes, ‘segredos’ e bobagens de pequena importância. A semente germinou e continua produzindo frutos.

Insisto ainda em dizer que não tenho medo quando, na realidade, sou mais frágil e preciso de mais carinho e amor do que demonstro.

Meus pais, vocês me ensinaram a ser “forte”, a ser “fria” algumas vezes, a “agredir” para me defender, a ter “orgulho” do que é necessário, sem me tornar presunçosa. Educaram-me para agregar amizades e respeitar as pessoas. Transmitiram-me, com o exemplo, “ter” a idade dos meus filhos para entendê-los. E tantas coisas mais...

Sabe, Mainha! Sabe, Painho! Eu teria tanta coisa para dizer sobre tudo que aprendi com as lições de vocês que eu sinto culpa em não poder falar tudo neste momento.

Consegui – só Deus sabe como – realizar um desejo especial de cada um de vocês:

Viver quase sempre em uma “ponte terrestre”, deslocando-me entre duas cidades que vocês pensavam em morar algum dia. Uma – a de minha mãe – foi onde o meu trabalho e a minha família mais viveram a realidade; foi aonde aprendemos a lutar pela sobrevivência sem esperar muito retorno de afetos externos, embora ela tenha seus encantos. A outra cidade, meu pai, você me ensinou a amar e caminhar por ela desde pequenina e nela estudei, também trabalhei, tenho amigos, um cantinho que abriga todos os seus descendentes, o nosso mar – nossa paixão – e estamos sempre sob a proteção do “seu” e Nosso Senhor do Bonfim.

Além disso, continuei amando e voltando ao nosso cantinho no pé da linda Serra do Orobó, na cidade onde nasci e que é parte de mim, com toda a gente que sempre valorizamos e que nos respeita até hoje.

Obrigada, Mainha. Obrigada, Painho. Amo muito vocês... De paixão.

O Espírito Santo de Deus abençoe vocês!

Dalva da Trindade S. Oliveira

(Dalva Trindade)

08.06.2003 – Domingo de Pentecostes – Festa do Espírito Santo

Editado em 08.09. 2013