QUERIDO AMIGO
Querido amigo.
Faz muito tempo, desde que o tempo deixou de passar, desde que você deixou de acreditar, desde que não nos falamos mais. Muito, muito tempo desde que a vida simplesmente consentiu outro ritmo a tudo aquilo o que antes era tão somente cadenciado por suas emoções e sentimentos. Eu sei que nada volta, mas, ainda assim, preciso que seu entendimento alcance a percepção do que ainda existe nesse tempo abstrato em passagens e concreto nessa inércia que condiciona, limita e coíbe as possibilidades.
Tenho saudades de um tempo que não foi feito, do desprendimento suave de nossas conversações e da ausência dessas certezas inúteis, evidenciadas em períodos contínuos onde a razão se sobressai e impõe os conceitos deliberados pelo convencionalismo vigente daqueles que pouco sabem do ânimo substanciado em sorrisos sinceros e olhares promissores. Saudades do muito que vivemos em momentos cujas horas jamais serão descritas, da pureza que irrigava nossa existência, saudades de tudo o que não sinto mais...