Carta de amor sem data.

Em alguma cidade, num tempo vindouro(ou não).

Meu amor, não sei quanto tempo faz e nem quanto me resta para dizer-lhe da falta que sinto de sentir o seu cheiro aninhada em meus braços.

É difícil mensurar o tempo e o espaço quando me questiono sobre o real motivo de estarmos longe de nós mesmos, de insistirmos nesse projeto de vida que nos tira a nossa vida.

Certamente, haverá algo maior através de tudo o que ocorre a fim de nos trazer de volta a nós dois e completar os espaços que nos restam vazios no quebra-cabeças que decidimos montar. Apenas desejo que a espera não seja infundada e que a certeza que ainda me une a você motive a minha expectativa paciente de tê-la de novo.

Eu venho me esforçando pela manutenção da vida que teima em querer me deixar, buscando razões que me ocupem a razão de estar aqui e lutar por qualquer suspiro que faça valer a pena qualquer organismo existente. É pelos suspiros que vivemos, não?!

Hilário pensar, mas é como se a velhice se aproximasse dia a dia e me fizesse sentir a dor de cair com ela, ao mesmo tempo em que certo entendimento das relações circundantes na atmosfera habitada, e suas intrincadas, conturbadas e harmoniosas relações, estão intimamente planejadas para dar certo me sugerindo o prazer desse peso. Uma dicotomia gostosa de sentir. Porém, não menos conflitante do que qualquer outra.

Passam-se os dias e há boas e más lembranças sugeridas no meu entender que me perturbam o senso e aquecem meu peito de angústia e dúvida. Tudo se mescla num continuado emaranhado de fortuitos pensamentos desconexos que se afrouxam, se espremem, numa conturbada tentativa de lucidez momentânea.

Não é simples! E dói, e chora, e pune.

Ademais, caminhando à frente, mesmo que desista um pouco e me hospede nalguma acomodação da estrada, retomo o passo, devagar, capenga, inconstante e inconsistente em única direção e sentido. Carrego a constância de que dei o que pude no limite das minhas forças para o presente passado. E firme, e convicto, sei que posso ser melhor agora na corrida, na trilha, no traçado que me couber e dispor desbravar, sob quaisquer circunstâncias e intercorrências que se me fizerem apresentar.

Sinceramente!

Onde estiver, mando-lhe o amor que há em mim.

Sinta-o!

FÁBIO BARBOSA
Enviado por FÁBIO BARBOSA em 08/05/2014
Código do texto: T4798522
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.