ALMA AFLITA

Estampada na face, tem a alma a sua indignação.

Como uma foto em preto e branco do que era.

Aflita e apavorada diante da presente solidão.

Tremula, vê sair por suas mãos a riqueza que tivera

Seus versos, sua sina, seus chamegos, sua ternura.

Vão lá distantes, quase que perdidos no caminho.

Olha-os lânguida, como a uma paisagem escura

Sem toque, sem cheiro, sem calor sem carinho.

Perdera o brilho, a sedução, a vaidade, a beleza

A vontade plena de viver o amor e de ser possuída

E a plena voz grita ao mundo sou livre sou liberta

Venda cruel que faz cegueira a sua total certeza

Escravizante petulância da humildade destruída

Não vê que a dor ensina onde a porta está aberta.