Minha evolução - 13 aos 21

Hoje, de forma incomum e inusitada, passei a ler os meus pensamentos descritos aqui. A evolução das minhas palavras, da minha linha de raciocínio, das minhas paixões, das minhas dores e de como vejo o mundo e as pessoas.

Estou totalmente desfigurada. Um pouco seca eu acho. Já não acho graça em certas piadas e não me desfaço por certas coisas. Um pouco segura eu acho. O mundo me ensinou que ele não para da pior forma. Fiz casos corriqueiros e dramas que pareciam reais. Fui tantas Milenas, que quase me perdi. Muitos não entenderiam essas mudanças, na verdade, muito não entendem. Mas a garotinha indefesa que queria salvar o mundo aos 13, já não tem tempo para as colecionar figurinhas e desenhar nas paredes do quarto. Hoje ela trabalha, crescida, já paga suas contas. Entendeu sobre algumas dores e que cólica menstrual é pior. Vejo o mundo de forma mais clara. Entendi que não posso salvar nada, se eu estiver perdida. Que preciso de metas ousadas, gosto de ser desafiada. E que nessa disputa entre o certo e o errado, colecionei algumas feridas. Ao 18, eu já sabia claramente o que eu queria. Tinha a certeza que a melhor opção era sair de casa e conhecer o mundo. Bom, continuo em casa aos 21, não conheci nada. Entendi que até mesmo os planos mudam, que dirá as pessoas. A gente vai conhecer muita gente, então não se aprisione a dores profundas e pessoas rasas. Que não importa tanta coisa que antes achava essencial.

Houve um desmanche prematuro sobre tudo o que eu acreditava aos 13. E começo pela idealização ordinária de príncipes e princesas. Pela fidelidade das palavras. Nem tudo que se é dito é sentido. Na importância de conhecer antes de se apresentar a alguém.

Sempre escrevi. Acredito que a gente precisa registrar as memórias, sejam boas ou ruins. Documentar tudo. Mantê-las vivas dentro da gente nem sempre basta para imortalizar. Hoje, dou risada de mim aos 13 e 14, achando que era uma mulher, e agora entendo que não passei de uma garotinha que gostava de dormir do escuro. Foram tantos acidentes até um encontro casual comigo mesmo naquela cena de desespero.

Cheguei onde nunca imaginei. Foram feitos uns projetos doidos na minha vida enquanto eu viva. Nunca imaginei que aos 21 já teria sido noiva, planejado filhos e um sucedido casamento. Bom, nada disso aconteceu mesmo. Enfim. Sou tia de um lindo menino, e dinda e tia de uma menina ou menino, ainda não sabemos. Aposto que minha irmã não planejava ser mãe. Entendi que nem todos os projetos se concretizam. As vezes coisas melhores estão por vir, quando todo aquele traço destroça. Garotinhas crescem. Mulheres se desgarrão.

Entendi que estou em constante evolução. Erro meu achar que tudo é para sempre ou que tudo não será.

Saiba uma coisa " você não tem como saber de nada ".

Milena Miranda
Enviado por Milena Miranda em 05/05/2016
Reeditado em 05/05/2016
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