CARTA A UMA MENINA ESPECIAL
 

Minha querida menina, 
 

          Eu gostaria de sentar e conversar você, mas a distância não nos permite esse regalo, então escrevo. Talvez você se surpreenda e questione, por que isso agora?

          Talvez você não entenda, mas continuo, mesmo a distância, preocupada com você. Por onde anda a menina leve, descontraída, cheia de luz e boas energias que um dia me encantou com seu olhar cheio de curiosidade e amor Onde você guardou toda a leveza que parecia fluir de seu olhar? E as palavras revestidas de mel que você derramava por onde passava?

          Era gostoso ouvir você falar de sonhos, amores e poesia. Acompanhar suas palavras despidas de inveja e ressentimentos criarem vida para falar de coisas boas ou não. Ouvir o som límpido de sua risada que nos fazia esquecer o tempo e suas cobranças, tantas vezes injustas e mesquinhas.

          Como seria bom tomarmos um café com leite (você não toma café puro) regado a muitas gargalhadas e refazermos, pacientemente, o caminho que nos apontava a mesma direção?! Mas, estamos tão distantes! A geografia que cuida dos relacionamentos nos colocou em lugares antagônicos e, neste momento, parece-me impossível pegar um trem que nos leve a mesma estação.
 

          Através de alguns amigos comuns tenho recebido notícias suas. Desculpe-me, mas não tenho ficado orgulhosa de suas atitudes. Não reconheço nas notícias que recebo a mesma menina que um dia eu conheci. Onde está você agora?

          Nas informações que me chegam vejo tristeza, acidez e muita mágoa. O que aconteceu com você? Não consigo imaginar quem possa ter feito tamanho estrago em sua vida. Logo em você que nunca se deixou atingir por nada nem por ninguém! Que sempre teve uma auto-estima elevadíssima. Não, definitivamente não a reconheço vestida de tanta amargura.

          Lembra-se de quando falávamos sobre as marcas que queríamos deixar no mundo? Que quando nossa hora chegasse haveríamos de deixar apenas as marcas de ternura, amizade e as lembranças dos amores vividos e sonhados?


          Acredito que um dia, sentadas na mesma mesa, ouvindo uma boa música ou um recital poético, poderemos falar das coisas que gostamos e, quem sabe, poderei entender o que agora se passa em sua cabeça e em seu coração, aparentemente tão cheio de rancor...

          Fique bem! Por você e por todos nós que amamos você.

          Com carinho,

          Aquela que sempre torcerá pelo seu sucesso.

          Abraços fraternos.

 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 02/05/2017
Reeditado em 07/03/2018
Código do texto: T5987318
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