Carta sobre Dom Lourenço Prado

CARTA SOBRE DOM LOURENÇO PRADO

Miguel Carqueija

Dom Lourenço de Almeida Prado, autor do artigo “Um bode para Azazel” (O Globo, 1° de janeiro de 1991) é um dos mais lúcidos pensadores brasileiros da atualidade. Por isso faço votos de que seus artigos continuem saindo neste jornal. Realmente, quando o Estado brasileiro destruiu o ensino público (que é o que ocorreu no Brasil dos últimos 30 anos), não se pode jogar toda a culpa no ensino particular. É como disse Sandra Cavalcanti referindo-se à ilusão dos “cieps”: se não houver um piso inicial de seis salários para o magistério, não tem tijolo que dê aula.

(Rio de Janeiro, 1/1/1991)

NOTA: Dom Lourenço de Almeida Prado O.S.B., monge beneditino, foi reitor do Colégio São Bento do Rio de Janeiro e membro do Conselho Federal de Educação. Na época em que enviei esta carta (não me consta ter sido publicada) seus artigos costumavam sair no jornal “O Globo”, sempre defendendo os direitos da Educação (e com certeza a questão salarial é crítica em nosso país, com os mestres ganhando salário de fome e tantos indivíduos inúteis recebendo fortunas). Naquele tempo, como espero um dia desenvolver com mais calma, ainda se podia ler “O Globo” que durante décadas publicou excelentes colaboradores, como Gustavo Corção, Nelson Rodrigues, Lazinha Luís Carlos, Eugênio Gudin, Maria Julieta Drummond de Andrade, Elssie Lessa, Jota Efegê, Padre Artur Alonso S.J. e outros. Nos anos 90 a decadência do jornal era já visível, Dom Lourenço foi um dos últimos bons colunistas. Hoje o jornal de papel é péssimo, o virtual pior ainda e a televisão nem se fala.