Meu pai e as 29 cartas de dezembro. Dia 9 de dezembro.

É pai, estou fazendo dessas cartas, uma forma de aceitar que o senhor, não está mais aqui. Me parece muitas vezes, que, posso ouvir sua voz ou ter a sensação de que vou ligar para sua casa e saber que o senhor está lá.

Continuando...

Quando mamãe me falou de sua situação, não tive escolha a não ser ir ao hospital, não tinha como desperdiçar nenhum instante, chamei um amigo, não tinha forças para fazer isso só.

Quando cheguei, o senhor estava no leito daquela fria uti , com os olhos fechados e sendo acompanhado a todo instante, através de máquinas,

mesmo dessa maneira, conversei com o senhor, lhe falei:

Pai, descanse, esta luta, está muito grande para o senhor, confie nos planos que Deus tem, o senhor cilumpriu com honra sua missão, seus filhos estão todos adultos e já sabem o caminho a trilhar.( se eu soubesse, que, eu, não estava pronto, para não ter o senhor, nunca havia lhe pedido.), o fato é que sairam lágrimas de seus olhos e vi, que o senhor, havia entendido cada palavra.

Lhe dei um beijo, como sempre pai e mais uma vez declarei meu amor.

O horário de visitas terminou, sai daquele local, sem saber onde estava, nada fazia sentido, a única coisa que fiz, foi sentar num banco e ali fiquei buscando algum sentido, isso por uns 20 minutos.

Deus, estava tomando as rédeas da situação.

Encontrei meu amigo, agradeci e só pude chorar e aceitar.

É pai, estava acabando o seu sofrimento, mas, o meu estava apenas no início.

Te amo pai. As cartas vão continuar.