Lembranças de alguém

Houve um tempo em que meus dias amanheciam mais coloridos ;

pelo simples fato de você existir; Que eu contava as horas pra chegar segunda-feira e ver você se aproximando, ouvir sua voz, estar em sua companhia. Tinha muitos planos de como iniciar uma conversa interessante em que prendesse totalmente sua atenção e você enxergasse o quanto eu podia ser descolada, divertida e inteligente. O problema é que bastava te ver chegando pra começar aquela tremedeira boba, coração acelerado, a face rubra e a coragem se esvaía em um milésimo de segundo.

Queria ser notada, queria ter uma mínima importância pra você. Queria tanto, mas tanto que mesmo com meu jeito meio sem graça, consegui.

Ah! Eu me senti nas nuvens, pensei em olhar para você e dizer tudo o que sentia, contar sobre todas as vezes que chorei baixinho me culpando por ser tão insignificante e por amar quem jamais me amaria. Pensei. Nada mais.

E aquele ano foi passando tão rápido que quando me dei conta as aulas acabaram. Mudança de escola, novas escolhas, novos caminhos e o fim daquilo que nunca teve início.

Hoje, depois de dezenove anos, sem nunca mais ter te encontrado, ainda me pego imaginando que talvez pudesse ter sido diferente. Se eu tivesse saído do meu casulo, talvez pudéssemos ter vivido um romance. Talvez eterno, ou quem sabe passageiro... O importante seriam as lembranças de algo real, não essas lembranças que carrego, de algo que nunca existiu entre nós, que me fazem ver o quanto fui boba e infantil. Meras

recordações que trazem uma saudade enorme de alguém que nunca me pertenceu, mas que de todo meu ser amei.