Carta para um amor que nunca irá ler

6 meses, olhando assim não parece muita coisa, mas foram 154 dias, 22 semanas, 3.695 horas e 221.700 minutos. Pode não parecer muito, mas nos últimos 6 meses o Ministério Público Federal teve sua primeira mulher como chefe, os Deputados arquivaram denúncias contra Michel Temer, Inocentaram Aécio Neves, Tiririca abandonou a política, a Constituição comemorou seus 30 anos, isso só fazendo uma pesquisa por alto. Esse não era pra ser um texto triste, era pra ser algo falando de amor, mas hoje eu não me sinto apta a dizer nada sobre isso. Hoje eu apaguei as suas fotos, me desfiz de todas as suas mensagens e ainda não sei bem como caminhar daqui pra frente. Espero que você não leia essas palavras, estou escrevendo porque é a única forma que sei para lidar com minhas emoções.

Para amanhã eu tinha planos de te escrever uma carta bem romântica, dessas que a gente lê escondido para que ninguém perceba as emoções que saltam das palavras e os suspiros que elas nos arrancam. Amanhã eu queria que fossemos tomar um sorvete de chocolate, apesar de saber que assim como eu você não é muito fã de chocolate, mas eu realmente queria te proporcionar esses momentos de namoradinhos que fomos privados e que infelizmente não viveremos. Eu queria ir ao cinema para assistir qualquer coisa que fosse, só pelo prazer da sua companhia. Mas não vai ser assim... Amanhã vai ser um daqueles dias que não passam, daqueles dias que eu gasto todas as minhas forças tentando fingir que eu tô bem e que eu acredito que vai ficar tudo bem. Talvez fique sim tudo bem, mas hoje eu não consigo acreditar nisso, hoje eu não consigo acreditar em mais nada. Hoje eu não consigo nem acreditar no amor, e olha que coisa mais sem nexo, uma pessoa que escreve tanto sobre amor hoje simplesmente não consegue acreditar nele.

Te peço perdão por todas as coisas que eu gostaria de dizer e não disse e principalmente pelas coisas grosseiras que disse com a intenção de aliviar o aperto que estava em meu peito. Não acredito em metade das palavras que disse, as usei apenas na intenção cruel de te fazer sentir a mesma dor que eu sentia. Não te quero mal, nunca ei de querer, te quero muito bem, muito bem de verdade. Quero que você seja imensamente feliz, talvez hoje não seja um bom dia para expressar isso pois eu não sei como, mas desejo que a felicidade faça morada em seu peito e nunca vá embora. Te quero bem, muito bem pequena. Talvez um dia eu te mostre essas palavras, mas não hoje, parafraseando uma amiga minha: talvez um dia se a gente se reencontrar em amor eu possa lhe dizer essas palavras. Mas hoje eu só estou escrevendo para aliviar essa dor no meu peito.

Se cuida, agora eu não posso mais cuidar de você, preciso cuidar um pouco de mim.