TERRA ESTÉRIL.

Como semear está terra agora, não posso mais. Seus sulcos se abriram feito rosto de um centenário, e seus interiores foram expostos trazendo em alto relevo as cicatrizes deixadas nos seu interior. Nem água corre mais nos sulcos deixados pela tristeza, toda lágrima já secou. Não há mais o brilho do sol, já não há mais chuvas que sejam suficientes para alagar o clamor que os campos cobram da sua ausência. Restam agora apenas os campos da morte como companheira solitária de si mesmo. Minha terra, solo que chora a ausência que tu deixaste em nossos corações Já não floresce mais este campo, campo infecundo, estéril, infértil não dará mais os frutos que você um dia tanto sonhou. E quanto todo aquele amor que você prometeu a tua única semente e a aqueles que tanto te amaram. Não há mais tempo, tuas terras secaram, teus frutos se foram junto com você, não haverá mais a esperança da próxima flor a desabrochar a terra amarga a tua ausência. Nossos sonhos não tinham limites, nossas mentes alcançavam a vastidão do infinito, a esperança era lugar comum entre os que te amavam. Mas lá no fundo eu já sabia que você tinha indo longe de mais, deu tudo que podia de si, ficou somente aquele gosto amargo de fel em nossos lábios. É verdade, você recebeu seu único fruto e acompanhou seu inicio, e isto te encheu de esperanças amor, revigorou suas energias e te deu forças te fez acreditar que um dia teus sulcos se encheriam de água novamente e que teu solo seria fértil outra vez. E quanto tudo aquilo que sonhamos juntos, ficou no tempo esquecido. Terra, teus rios secaram os mares bradaram em agonia as estrelas caíram e o sol parou. Teu ventre estéril se tornou, não há mais o folego da vida no teu peito. Agora só o pó da terra pisada, seca e rachada, pálida, sem graça, sem vida, sem você... Oh campo estéril!!!