Erguendo bandeiras piratas

Saturada do permanecimento quieta há muito tempo, convoquei uma tripulação a zarpar em desbravamento de novas terras. Erguemos velas e bandeira, e partimos. Tudo se deu ao lembrar de dois ditados que correm em veias azuis - "quem tem um, não tem nenhum" e "quem tem terras, tem poder". Como estávamos proprietárias apenas de uma nação, encontramo-nos desprovidas de ações que pudessem nos deslocar do habitual, o automatizado e pré-calculado, e que nos coligava em sentimento de insuficiência; e a ciência das fronteiras nos alertava sobre a incapacidade destas terras em continuar avançando. Também, nos foi percebido que conquistar outros campos, daria-nos condições de cultivar novas sementes e elevar o poderio aquisitivo e cultural.

Então, retiramos os panos de cima de nosso transporte, demos aquela manutenção superficial, coletamos o necessário e iniciamos nossa busca. Não tínhamos um mapa inicial, nem destino, apenas a vontade de conquistar algo. Passávamos por vários montes de terra, e que pré-jugávamos serem ínfimos ou já aclamados por outros povos e de fronteiras fechadas. O desbravar nos cobrava coragem além do que imaginávamos, e o falhar acumulavam-se nas decisões de mais uma vez desembarcar e não possuir o necessário para anexar as terras ao nosso poder. Tínhamos partido com uma compreensão de que não seria fácil, mas, ao praticar, nos deu um entender de que não compreendíamos nada, apenas teorizávamos para fingirmos possuir conhecimentos sobre algo. A frustração pairava a cima de qualquer esperança.

Desistimos da busca, pois, nossos suprimentos já estavam esgotando-se. E ao caminho de volta, baixamos nossas bandeiras. Surpreendentemente, fomos atacadas por um outro grupo de embarcações. Um grupo sem brasões, apenas marcas que os reconheciam como piratas. Eles nos pararam e batalharam, o ataque era forte e, para não haver mais perdas, cedemos. Concordamos em nos anexar a eles. O intuito de ceder foi para aprendermos sobre sua cultura de domínio, sem contar que poderíamos usar nossas terras para ponto de transição e encontro dos grupos e compreender suas formas de fluxo aquisitivo. E, em um futuro não programado, introduzir nossos brasões em suas marchas. Ou seja, agora, erguemos bandeiras piratas.

Atenciosamente, Clara Nuvens.

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 30/04/2018
Reeditado em 15/05/2018
Código do texto: T6323267
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