Mãe

Hoje, a duras penas eu descobri que cresci,

que por mais que doa, eu cresci.

Porque, nas indas e vindas,

a trancos e barrancos,

tu me ensinastes a crescer.

E, com todos esses anos nas costas,

eu hoje precisei de ti,

e tu não estavas mais lá,

como estavas antes.

Hoje, eu precisei da tua força,

precisei tanto do teu colo.

Mas, eu senti teu braço.

O carinho, o afago que querias dar, e não sabias.

Eu senti, aquele abraço que davas do teu jeito,

aquele amor que um dia te roubaram,

eu senti.

Sabes, aquele eu te amo, que eu nunca ouvi?

Eu sei, que ele existe,

tu apenas não sabes dizer.

Eu sempre ouço, nas pequenas coisas,

mesmo quando tua boca cala,

e teus braços não abraçam mais.

Eu, ainda sinto.

Sinto teu amor,

quando fazias as roupas que todas usavam,

aquela jardineira azul,

com a blusa branca de broderie,

porque querias que eu fosse normal.

Acho que nunca fui normal,

e tu sabes.

Nessa luta, me abraçastes.

Não passamos frio, nem fome,

somente falta do agasalho.

O agasalho que nunca tivestes,

e da tua maneira, me destes.

E agora, o que eu faço com a falta do teu braço?

O que eu faço sem a tua força?

O que eu faço sem ti?

Onde eu ponho as juras implícitas?

As juras, que me dissestes quando me olhastes,

tão frágil, tão pequena?

A primeira, tão desconhecida.

Hoje, eu descobri que cresci,

mas, continuo tão frágil, e tão pequena,

como na primeira vez.

Me dá teu colo,

ainda preciso dele.

Faz eu acostumar, faz eu acreditar,

que sem ti, eu ainda posso.

Não me deixes ainda,

me ensines a ser crescida,

a ser quem tu querias que eu fosse,

mesmo que eu não seja nada.

Deixa-me pensar,

que eu cresci,

e, que eu sou quem te ama.

Não te abandones, não te deixes,

-não nos deixe.