querido sonho

querido sonho,

viver-te foi, por tanto tempo, o meu desejo

abraçar-te, o delírio das manhãs

olhar-te à distância a realização plena

em noites tão minhas.

mas quis a realidade que tudo fosse desfeito

os ontens deixaram de existir

os amanhãs de promessas apagaram-se da memória

e perdi a fé e a crença, nas palavras

já não sonho.

também não há desejo

só o vento sopra aos meus ouvidos

o pássaro, aquele da janela, já não tem o mesmo canto, nem a mesma plumagem...

tudo mudou com a chuva de silêncio das estações

não lamento

não devemos lamentar o rompimento de um elo formado

porque estava escrito nalgum lugar, o fim trágico de uma estadia de encantos

vive e escreve

olha a tatuagem do teu peito

a escrita do teu corpo

e lembra somente que eu existi

Margarida Di

Margarida Di
Enviado por Margarida Di em 20/08/2018
Reeditado em 20/08/2018
Código do texto: T6424466
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