querido sonho
querido sonho,
viver-te foi, por tanto tempo, o meu desejo
abraçar-te, o delírio das manhãs
olhar-te à distância a realização plena
em noites tão minhas.
mas quis a realidade que tudo fosse desfeito
os ontens deixaram de existir
os amanhãs de promessas apagaram-se da memória
e perdi a fé e a crença, nas palavras
já não sonho.
também não há desejo
só o vento sopra aos meus ouvidos
o pássaro, aquele da janela, já não tem o mesmo canto, nem a mesma plumagem...
tudo mudou com a chuva de silêncio das estações
não lamento
não devemos lamentar o rompimento de um elo formado
porque estava escrito nalgum lugar, o fim trágico de uma estadia de encantos
vive e escreve
olha a tatuagem do teu peito
a escrita do teu corpo
e lembra somente que eu existi
Margarida Di