Carta sem amor

 




 
Gostaria imensamente de escrever uma carta de outra maneira, algo que falasse de amor, de saudade, ou até de uma esperança guardada dentro do meu peito, mas, não, até já criei alguns temas, escrevi sobre os dilemas do meu coração, acho que já amei, mas, sem qualquer intenção, não foi amor, foi uma doce ilusão. Que esperança pode haver dentro de uma alma que não acredita mais no amor? Passei muito tempo confundindo a minha mente, buscando numa fantasia alguém que jamais irá existir, a não ser nas letras, a não ser na minha retina quando miro a lua cheia, quando o meu coração pulsa mais forte, nas noites, ouvindo o vento forte gemendo, de tanta dó que sente pelos amantes, iludidos, sedentos, matando uma fome que não terá fim, não, não posso escrever uma poesia, ou uma carta de amor, o que um dia ofereci a você, foi a minha fantasia, sou assim. Quando criança eu fantasiava cenas, vivia uma vida para além da minha realidade, e assim fui vivendo, depois cresci e passei a ver o amor com um jeito puro de saudade, julguei que quando eu amasse um dia seria para sempre, acreditei que esse sentimento existisse, com o tempo fui reconhecendo a maldade humana, as falhas, e a falta de perdão, de compreensão, então pensei, prefiro viver só, desamor não. Hoje ao lembrar de você, lembrei também que sempre me pergunta porque sou tão triste, eu lhe respondo agora, não sou triste, apenas escrevo para um nada, escrevo para o tempo que não se preocupa comigo, nem com ninguém, digo duma dor sentida, mas, de fato nunca vivida. Não me permito amar, nem escrever uma carta de amor, quando busquei a profundidade desse sentimento, só trouxe dor para a minha alma, agora, já não posso falar de algo que eu não sinto, não, não me peça uma poesia, eu não amo mais ninguém, quando digo amo você, acredite, eu minto. Acredito que um dia desses eu amei, amei  de verdade, e perdidamente, foi um amor que virou  a minha cabeça, forte feito uma árvore imensa, com raízes profundas e que quis deixar sementes, mas, veio uma tempestade gigante, arrancando-a pela raiz, levou também a minha pobre alma, e eu não consigo mais amar, nem por isso deixei de viver e de seguir, do meu jeito, eu diria feliz, viver é isso, é aprender a aceitar o mundo como tem que ser, e se por acaso os seus olhos percorrerem cada letra aqui deixada, me perdoe, eu não quis magoar você. De coração peço, me perdoe, mas, eu não amo você. Aqui me despeço, um grande abraço e seja feliz.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 26/10/2018
Código do texto: T6487197
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