O meu livro "Os Nïzcaros" é uma colectânea de 50 crônicas escritas em forma de sátira e alusivas à (des)governação do Estado Português durante as últimas décadas, e muitas vezes um patético desrespeito vergonhoso à Pátria de todos nós Portugueses espalhados mundo afora.
Na última dessas minhas crônicas deste livro eu fiz uma rezenha das maiores (dez) ilusões sentidas por mim na pele, como soe dizer-se, ao longo de mais de sete décadas já vivídas, e... com absoluta certeza, também sentidas por mais alguns milhões de Portugueses.
Todavia hoje eu não vos trago aqui nenhuma carta minha,  mas sim esta que acabo de receber e está dirigida a uma figura pública que eu, transcrevo na íntegra,  pois que concordo em género número e grau com tudo o que diz nesta carta aberta. Esta é a infeliz realidade actualíssima, vejamos: 
(início de citação)

Carta aberta a uma desilusão.

 
Caro Presidente.
 
 Fui um dos que apoiou a sua candidatura à Presidência da Republica. Durante todo este tempo mantive-me calado mas depois da polémica do telefonema a Cristina Ferreira, mais do que nunca estou farto deste silêncio.
Desiludiu-me porque na verdade, não passa de um populista e sensacionalista que camufla o nada que faz com beijos e abraços.
O homem que fala constantemente sobre os perigos do populismo é o mesmo homem que, enquanto Presidente da República, liga a um dos programas da manhã, no meio de uma guerra de audiências, para não fazer mais do que senão promover-se. O homem que defende a intervenção do Estado na comunicação social. Isso é vergonhoso.
Os portugueses, mais do que beijos e abraços, precisam de mudanças reais. Os portugueses, acima do que o politicamente correto reconforto, precisam de alguém que verdadeiramente os defenda.
Mais do que o presidente dos “afetos” é o presidente dos “avisos”, porque em todas as tragédia que assolaram Portugal nos últimos anos a sua reposta foi sempre a mesma: “temos de apurar responsabilidades”.
Passou um mês desde o desabamento da estrada de Borba e ainda não se apuraram responsabilidades. Sabemos que o Estado foi alertado cinco vezes para o risco de desabamento.
Passou um ano depois do desfalque na instituição Raríssimas, promovido por um ministro em funções, e ainda não se apuraram responsabilidades.
Passaram cerca de dois anos depois do assalto do armamento em Tancos e ainda não se apuraram responsabilidades.
Os incêndios de Pedrógão foram em 2017 e ainda não se apuraram responsabilidades.
O presidente que na sua mensagem de Ano Novo pede “bom senso” e nada de “promessas impossíveis”, é o mesmo Marcelo Rebelo de Sousa que, depois da tragédia dos incêndios, prometeu às vítimas a reconstrução das residências até 2018. Estamos em 2019 e ainda há vítimas a viver em autocaravanas, garagens e outras acabaram por morrer de desgosto pelo abandono do Estado. Esses sim, como é o caso de Manuel Nascimento, o idoso que aparece em enumeras fotos a chorar desesperado ao seu lado, mereciam o bom senso de um telefonema e muito mais. Permitiu que um presidente de câmara se aproveitasse do poder para manipular os fundos da reconstrução das residências, numa altura em que devia ser uma prioridade nacional.
Embora fale durante todo o ano no desacreditar das instituições democráticas e se venda como o presidente que tudo comenta, recusou comentar casos polémicos que destroem verdadeiramente a nossa democracia, como as falsas presenças de deputados ou os escândalos no abuso dos subsídios de deslocação por parlamentares.
Antes mesmo de ter comovido Cristina Ferreira, lembre-se das lágrimas que tentou reconfortar com promessas que não cumpriu ou não exigiu serem cumpridas. No concreto decide não fazer nada porque transformou a presidência da república num cargo vassalo à vontade de um governo e do lado negro do sistema que abusam do poder.
Por isso, caro presidente, durante muito tempo escolhi esconder a minha opinião frustradamente, na esperança que mudasse. Esse foi o meu erro. Creio que falo por muitos quando afirmo: eu não volto a votar em Marcelo Rebelo de Sousa. Custe o que me custar, porque eu não me vendo por uma foto e um abraço.
Tenho dito.
Gaspar Macedo

(fim de citação)
Sem mais comentários da minha parte, eu agradeço a quem me mandou a Carta e deixo um fraterno Abraço ao Autor Sr Gaspar Macedo. 
Portugal é eterno e nunca se diga Adeus para sempre!
Silvino Dos Santos Potêncio 
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil 

 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 13/01/2019
Reeditado em 19/01/2019
Código do texto: T6550161
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