Se és Dono do céu, porque tiraste as estrelas do amanhã?

Deus, talvez essa seja uma oração indireta, talvez essa seja a estaca que novamente perfura meu coração, não sei o que eu sinto ou se sou digno suficiente para sentir uma dor que não é minha, meu rosto é imutável, mas meus sentimentos estão novamente querendo aquele abismo que eu enterrei tudo com carne seca e sangue coagulado, infelizmente eu só sinto raiva, só sinto ódio, todas as possibilidades passam e passeiam na minha mente de forma tão concreta quanto o castelo que eu criei de todas essas cicatrizes, eu tenho tanto medo de me perder nessa corda bamba e cair de cabeça na insanidade mais uma vez.

Eu não entendo, minha limitação humana não me deixa distinguir o que é justiça humana e Iustitia, a única coisa que eu aprendi a ter enquanto humano que veio do senhor é o amor, aquele que me fez viver e suspirar pela primeira vez em prol da (minha) felicidade alheia, englobando todos os sorrisos e todas as lágrimas de felicidade a todos esses pontos, até esse momento. Não sei o que fazer, não sei o que falar, mais uma vez me impossibilitou de que eu compartilhasse momentos, enquanto és supremo em pareceres, eu sou impotente de forças para fazer parte de instantes cruciais à vida de quem eu mais quero bem, o teu humor é rústico a ponto de não entender nada do que lhe faz e proporciona em toda essa existência insignificante diante todo o infinito, o quão temos de ser luz para que a sombra de tua mão estelar possa esmagar todos esses sonhos? Juro que eu tento, o máximo possível a transcendência de informações e conhecimentos se tornarem encorpados, mas funcionar a tudo e a todos, ignorando tal maquina cognitiva de pensamentos múltiplos de raciocínio interpessoal interno e externo de forma que faz um de teus cavaleiros o maior dos inimigos de teu próprio presente já não é tal benevolência e sim tirania?

Quanto mais a minha felicidade se vem, o ódio se esvai, mas tudo submetido a um destino de stress e com as ruindades me rodopiando com tudo aquilo que me tira, se fazes tanto a ponto de tirar para ter-me em melhor, até que momento tenho que absorver essa sentimentalização nefasta e limitada, para entender que teu plano é maravilhoso. Me sinto e estou indignado, para as coisas estarem tão bem e depois tirar meu chão com teu poder de passar o presente ao futuro em tão pouco tempo como grão de areia no deserto, nenhuma praia irá entender que a tempestade tropical assola e machuca sua construção mas que a destruição tem toque de renovação, ninguém sabe o plano de Deus, ninguém sabe o que a maldição presente pode ser a benção futura, mas eu me protesto a ponto de ficar em pé em meio a joelhos, tenho motivos, mas não tenho direito personalíssimo de estar escrevendo isso, porém a minha injustiça humana não se apazigua com teu senso de onisciência, demorei 20 anos para me encontrar, reconstruir-me à tua imagem para que um simples gesto divino desmorone em carne o que meu coração palpita, eu tenho medo da petrificação e me sentir estátua de mim mesmo, apenas gesso e não espelho, não refletir a imagem do renascimento e somente fazer os olhos de mansidão tomarem o carmesim do pecado, tenho certeza que Azazel está feliz com a situação e mesmo que não gere a Ira externa, ele faz o corvo de fogo fátuo virar fênix de Ira interna. E eu tenho medo.

Senhor, peço perdão por toda a disseminação desnecessária de contraponto, mas eu não entendo teus caminhos, sigo-os de melhor forma em meu ser, procurando sempre a mudança e a paz de tudo aquilo que cruza meus caminhos, mas não consigo ficar calado diante de todas as situações, se aonde vos passa e arrasta teu mando em estrelas, carrega-vos em poeira ou acolhe em tua quentura? O que Lhe faz pensar em destinação quando o mal que assola esse mundo percorre e passeia com toda a ironia divina de fazer nascer um sol e tirá-la quantum a vontade de vermos em nascer do Sol? É novamente e mais uma vez que eu questiono a mim mesmo e levanto a sobrancelha para tuas ideias aos milênicos, sabes quem fui e o quanto demorei para afogar ao antigo eu, que descobri tua face novamente em tão pouco tempo para que isso viesse como faca em peito de inocente.

Perdoe-me novamente por todas as acusações sem conhecer teus autos, juiz de justiça eu sei que é, inquestionável, fundada em destino, mas carente de explicação, tuas obscuridades lacônicas me cativam à dúvida, mas não deixo de ser teu servo, não deixo de ser teu instrumento para semear o melhor em tua terra, porém minhas mãos apertam, meus dentes rangem e meus olhos choram, eu caio em desgraças de mim mesmo por estar em um momento que eu já havia presenciado, mesmo que o seu jeito de resolver as coisas seja diferente, que o teu presente é o melhor presente e que o aniversário do amor é todos os dias a partir do nascimento, eu lhe pergunto:

Se quer ver todas as pessoas radiantes em tua luz, por quê persiste em tirar-lhe vos os raios de luz?!

Talvez eu só esteja bravo com a pífia informação do mundo que colhi, com a semelhança de esperança que me fez abraçar e depois ver os teus espinhos, mas dói, me machuca e mesmo sendo forte, mesmo sendo aquele que desbrava a vida como uma coisa boa, eu não gosto de sofrer, muito menos de ver o sofrimento das pessoas que eu mais amei e que eu mais amo, a semelhança ao passado é idêntica e isso me frustra, apenas mudou a pessoa que irá chorar em prantos diante do travesseiro enquanto chama teu nome aos céus, queria eu voar até tua casa como o Corvo Cerúleo que me fez, necessito de tuas explicações, de teu conhecimento e sua paciência mais que nunca, pois tenho medo de me perder novamente e me tornar aquele que luta somente pela espada cega do coercitivo, jogar a égide de tua proteção em solo e virar injusto, não quero derramar sangue, não quero tirar vidas, mas não me deixa escolha a não ser derrubar lágrimas.

E do mundo da minha alma, que eu esteja errado sobre tudo que eu já pensei e profanei sobre ti, que não se assemelhe ao meu eu do passado, sabes que de amargura basta a vida, então, faça-me servo e que nunca possa duvidar de ofício de teus saberes, não me deixe perder-me aquilo que custeei a achar, o preço da minha vida foi a minha vida, mas agora que eu consegui-me vivo, não deixe de formas infinitas nenhuma com que meu Sol inteiro se apague. Confio em ti, minha vida e minha alma, meu amor e minha felicidade, duvido de teus afazeres, mas não questiono que teu plano possa ser estupendo.

Assim como ela, sou ferramenta de tua obra, não culpem A Colecionadora, mas santifiquem que ela faz o trabalho da melhor maneira para agradar os planos de Deus.

Livra-me d'eu mesmo, eu quero ficar. Pois o maior vilão d'eu, minha pessoa és.

Glórias e aleluias.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 22/03/2019
Código do texto: T6604222
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