Cartas de um Border 2

Ele não queria que fosse assim. Os pensamentos abstratos em sua mente geravam uma confusão descomunal. Ele não conseguia se controlar. "Talvez seja a doença", ele pensava. "Mas e se não for? E se a doença é apenas uma desculpa para mostrar quem eu realmente sou?", todo esse turbilhão de pensamentos aleatórios e sincronizados o deixavam louco. Para quem já teve inúmeros amigos, casos, e até mesmo uma família presente, ele se encontrava num mar absurdo de solidão, melancolia e imerso em uma tristeza sem fim. Tentava não demonstrar, mas era visível que ele já não tinha vida. Depois de várias tentativas frustradas de suicídio, ele carregava sequelas físicas e emocionais. Todos sabiam, e repito mais uma vez, TODOS SABIAM. Os amigos que diziam nunca o abandonar, os amores que fizeram juras eternas, e até mesmo a família que chorou na cama do hospital quando ele tentou se matar, todos se foram. "Será que eu os afastei? Ou foi a doença?" os pensamentos continuavam vindo. Todos ao mesmo tempo, numa frequência que o deixava totalmente perplexo. Ele não tinha controle, os pensamentos apenas surgiam em sua mente. Sem aviso prévio, totalmente sem controle. E quanto mais esses pensamentos o atormentavam, mais ele se fechava. Porque ele sabia, que no final era ele, só ele.