Casa vazia

Tenho quatro paredes.

E tenho riscado e rabiscado todas elas na tentativa de não sufocar.

Não deveria me sentir tão só, porque me tenho. E eu sou.

Não deveria me abalar tão facilmente com a solitude, porque eu me bastaria, naqueles sonhos bobos, e estaria tudo bem. Logo.

Dentro de mim, eu tenho quatro paredes acolchoadas.

Debato-me, grito, me rasgo e me remendo constantemente, sem cessar.

Tenho gritado sozinha e em silêncio. Que Deus não me ouça e os vizinhos não me entreguem.

Tenho sido um emaranhado de coisas vãs que atordoam loucamente a ponta de sanidade que quase finda.

Tenho quatro paredes e nenhum teto.

Não há companhia melhor para mim que a falta.

Não há companhia melhor para mim que o tempo.

E o silêncio grita e me mata.

Pé ante pé.

Sorrindo.

Só.

Tenho quatro paredes e nenhuma estrutura.

A casa está vazia em mim.

Tatiana Marques (Tath)
Enviado por Tatiana Marques (Tath) em 26/05/2019
Código do texto: T6657423
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.