Seu Encanto

Seu encanto deve ser ameno, não muito rebuscado.

Deve ser simples e caiado de branco na alma, e com azul profundo da cor do mar, nos olhos que sempre me esperaram.

Seu encanto deve ser um canto, como um conhaque de criança: doce, deve ser lapidado por poeiras de ouro, jambras de terras sagradas, deve ser querida de espírito e torneada de estrelas reluzentes à sua volta.

Sua ternura deve ser loquaz, sua meiguice há de ser tão eterna como em vários mundos dispersos. Que sua voz soe amena em qualquer lugar.

Sua languidez deve ser perdoável e cativa. Se almeja o acarício, deseja também a força de todo amor - daqueles que se dispersam pela terra e saem cultivados de canduras.

Seu encanto não deve ser breve, deve ter a força e a majestade de uma montanha sempre banhada pelo sol.

Sua presença deve ser constante e voluntária. Deve ter júbilo e ser esplendorosa - igual ao amanhecer.

E desejo, com toda vontade de homem feito e de brando solitário, que um dia você surja entre a névoa e o sol e ilumine meu espírito e faça de minha vida um plasma suave de alegria.

Se sou assim, pois sou assim.

Ave ferida que voa, não desiste e não se assusta com o sangue a jorrar pela flecha incontida que no peito foi cravar.

Sou assim. Sou forte e desejo que todo seu corpo seja uno, de cor branca, cor das fadas e, um dia, num sem querer da vida, me abrace e diga sem suspeição: meu sol já chegou, agora sou parte de toda sua vida!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 12/06/2019
Reeditado em 12/06/2019
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