Te amar além das estações

Eu te amei na estação das flores, quando teu perfume era intenso, a vitalidade do teu toque no reconhecimento do meu corpo, eu nu de minhas inconstâncias, meus desejos expostos em tuas mãos.

No verão eu te amei, a ansiedade por ver o abrir dos teus olhos a iluminar os meus substituindo o sol que invadia a janela do nosso quarto, o calor que maltratava tudo o que em nós havia, era fácil te amar na beira da praia, perceber o molhar do teu corpo e eu a te secar com meus desejos vorazes.

Quando se fez outono eu te amei, colher tudo o que plantamos juntos foi uma satisfação, creio que ainda é satisfatório pra nós dois sabermos de nossa cumplicidade, entender que as flores ainda estão frutificando e as feridas nossas começam a sarar diante do que temos a viver. O gosto de frutas secas vindo do teu beijo traz sabor ao meu lado amargo, o perfume das frutas tuas ainda me fazem inclinar diante de Deus e proclamar que te amo de todas as formas.

É inverno.

A chuva cai.

Dores, feridas antigas, cicatrizes reabrindo e tornando frescas as feridas nossas, a distância, a saudade, o tu fora do meu corpo e eu preso a mim esperando por ti, isso porque eu não deixei de te amar no inverno. As chuvas que assolam nosso sentir, trazem-me a certeza de que te quero ao meu lado. De todas as formas eu te quero, porque não há outra definição para o sentir meu que também é teu: amor. Amor sob as estações, posto à mesa. É um querer que em mim não cabe, é me apaixonar a cada reencontro, é ter certeza de que quero atravessar a chuva aí teu lado. E sentir teu apoio e ser também pra você. É te amar sob todas as perspectivas e não ter dúvida de só quero te amar.