Querida criança,
Vez​ e outra te escreverei. Ora pra fazer um balanço do que fugiu do futuro que imaginaste, ora pra celebrar o que deu e está dando certo. Do outro futuro (nosso futuro) espero que me lembres do que ainda podemos sonhar. Estou​ aqui para tentar. 
Prometo te levar nos ombros, pra que vejas melhor em meio à multidão. Prefiro a acuidade de teu olhar inconsequente combinada com meu caminhar responsável. Acho que assim vamos mais longe. 
​​​Guardo  a essência que me deste, mesmo que o castigo do tempo tenha ceifado muito da pureza quando a pessoa cresce. Levo-te comigo no meu riso mais espontâneo, no meu olhar distraído, nos meus pedidos de abraço sem hora e no choro às vezes incontido. Confesso que não empenho nisso o menor esforço, nem me importam os alheios julgamentos. 
E​ assim é que te mantenho rente, mesmo separadas pelas medidas de cronos.  Assim que te permito viver em mim, no presente. Saiba que aqui há ainda muito espaço, para que tu ainda me apontes o que verdadeiramente importa, para que te comuniques com a parte adulta que te tornaste: aqui estou. Viva o equilíbrio. Sabemos
​​que vai ficar tudo bem. 
Até  a próxima, minha criança.
Alda Guimarães
Enviado por Alda Guimarães em 25/05/2020
Reeditado em 25/05/2020
Código do texto: T6957631
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