Carta aberta para minha próxima sessão de terapia.
(talvez as vozes da minha cabeça estejam certas enquanto conversam entre si)
não é saudável viver na beira do abismo.
talvez eu esteja vivendo um conflito.
eu sempre tive esse vício de viver tudo no limite. eu gosto do gosto da provocação, eu anseio o complicado.
eu gosto de ser o centro das atenções. não suporto viver o simples. eu não quero uma rotina.
eu gosto do descontrole. tenho fome de perigo. me atrai o que não tem nexo. eu amo a fuga.
eu não gosto de me sentir em cativeiro porque eu gosto do que está lá longe. o que? não sei. por isso eu procuro, incansavelmente.
eu tenho uma queda pelo jogo da conquista.
eu gosto do caminho da dor. do vício.
é como se eu vivesse numa fantasia onde a realidade é uma corda bamba que acabou de arrebentar, e o preço é alto demais pra ficar no ar.
eu não sei ser feliz e nesse frenesi todo eu me perdi
ninguém mais me reconhece. nem eu.
o conflito?
eu não quero ser salva.
foi quando eu quase morri que eu mais me senti viva.