O SOL E AS PÁS

"Às vezes dura a noite inteira. Eu fico deitado ouvindo os barulhos das pás e das picaretas contra aquela parede. Aí eu rezo para o sol bater na cortina antes da parede cair. Eu nem rezo... Eu desejo. Às vezes, dá certo. O sol ganha das pás, mas na maioria das vezes, as pás ganham do sol."

(Thomas Shelby - Peaky Blinders)

Obrigada por amenizar os meus traumas. A insônia me deixou totalmente dispersa... Desorientada me perdia entre a noite, a tarde e o dia. Quem era quem e o quê era o quê. Não me foi deixada a opção de fugir. Dormindo os pesadelos me acordavam com taquicardias frequentes e acordada, o pesadelo continuava por ter que encarar mais um dia. Dopar-me foi a opção. Adormecer por um tempo pensamentos muitos sombrios que há muito não sentia e tão pouco com tanta intensidade e frequência. Tão audíveis... Tão reais...

Sei lá de onde você apareceu e porquê disse coisas sobre mim que não teria como saber. Só sei que tuas palavras e tua voz fizeram eu parar de ouvir os barulhos das pás na parede da minha cabeça. Algumas vezes, já consigo visitar o sol por alguns instantes. Agradeço por insistir em visitar a minha cortina e peço desculpas por desejar um dia inteiro de eclipse.

Obrigada, amigo. Você tem conseguido calar as vozes... Aos poucos a noite tem voltado a ser noite e o dia está voltando a ser dia. Mas ainda há guerra aqui dentro e tem guerra lá fora também. E ainda visto preto dos meus lutos.Teça uma bandeira branca e a traga para mim. Juro que me livro de todas essas granadas em minhas mãos sem atingir a mais ninguém. Juro que me lavarei desse sangue e soltarei uma pomba branca para ir de encontro à um céu azul. Eu juro, por favor, apenas continue me ajudando a calar os sons das pás...