Carta póstuma
Uma carta é um emaranhado de palavras coladas com sentimentos e pontuada com emoção furta-cor. A luz incide e tudo, de repente, muda de forma e dimensão. Essa carta foi escrita para lhe dar instruções exatamente quando eu mais não estiver por aqui. Um dia eu vou ser apenas lembrança, riscada na memória e valorizada pela ausência. Talvez com tempo, você identificará que somos mais parecidas do que pensávamos... É engraçado, porque a genética é inexorável. Quase tão determinista quanto os cabelos da medusa. Ao longo da vida, acumulamos tanta coisa, roupas, livros, escritos, cartas e palavras soltas na estória. Uma palavra que sempre prestigiei: professora. Eu adoro ser professora, e ser reconhecida como tal... A educação é meu lema, meu mantra e meu tudo. Sem educação, o mundo está perdido. E, cada vez mais precarizam a educação. Agora mesmo, em plena pandemia, o ensino privado voltando e, ensino público nem previsão de voltar tem.... E, ainda tem a aprovação automática que proporciona uma fraude educacional. Promove-se de série sem o devido conhecimento e, aí, fabrica-se freneticamente analfabetos funcionais. Leem e não entendem. Não sabem nem se expressar... começam por então, quando "então" é só para finalização ... Arre!... estão arquitetando uma dialeto espúrio. Coitada da língua portuguesa, tão bonita e tão maltratada. Minha querida filha, tudo que é meu sempre foi seu... principalmente meu afeto e minha pobre alma aprendiz errante que tenta consertar tudo e, por vezes, é apenas trapalhona. Acredite em Santo Agostinho: A morte não é nada. Eu não estou longe, apenas do outro lado do caminho. Você que ficou aí, siga em frente pois a vida continua linda e bela como sempre foi.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/11/2020
Reeditado em 27/11/2020
Código do texto: T7112438
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