Para mim número 2

Eita, acordei bom dia! Ana Maria Braga já tá no seu café da manhã com o eliminado da semana: Rodolffo. De cara o vídeo didático de ontem que Thiago Liefter fala sobre racismo, sobre cabelo Black Power, sobre a luta anti-racista. É um tema que nos traz mais e mais reflexão. Eu mesmo sofri muito na minha infância de ‘bullying’ na escola e no bairro onde eu morava. Mas eu sou branco, sim. Por que sofreria perseguição? Eu era muito tímido e quando falava gaguejava e errava nas palavras. Nada se compara ao sofrimento que um negro passa. Mas eu sei um pouco o que é ser tratado de uma forma pejorativa pela maneira de ser. Isso me prejudicou muito no campo psicológico. Pois, eu cresci travado, com medo de me relacionar com as pessoas, de falar em público. Sempre tive medo de ir apresentar trabalhos na escola, na frente dos colegas. Tinha medo das pessoas rirem de mim.

Sofri também com primos e primas que faziam hora comigo. Riam de mim. Então é difícil a realidade de todos que sofrem algum tipo de brincadeira sem graça que mexe com nossas emoções. Eu hoje ainda com 41 anos tenho algumas dificuldades de me apresentar em grandes grupos por medo de errar. De falar algo e as pessoas rirem de mim.

O mundo que as pessoas falam que é politicamente correto, que é cheio de mimi mi, é um mundo que alguns grupos privilegiados tiram para gozar da cara das pessoas. São gente cheia de sorte, por nascerem bonitos, ou com dinheiro e tratam os outros com desdém. E quando nós que somos julgados, criticados vamos reclamar já nos taxam de rebeldes, de militantes. Existe uma invisibilidade. O gordo sofre, o negro sofre, o tímido sofre, o gay sofre. São dores invisíveis. Dores que passam despercebidas.

Eu me sensibilizei muito com a dor do João Luiz. O cantor Rodolffo pode se redimir e recuperar-se e se retratar e estudar. Eu mesmo venho fazendo isso há muitos anos. Assisti bastante documentários sobre os Panteras Negras, Malcom X, Martin Luther King e vários outros. Recentemente vi Small Axe, na Globoplay uma série que fala dos negros que viviam North Hill, Inglaterra, nos anos 1960 e eram reprimidos na escola, no trabalho e pela polícia. Por isso devemos sempre nos questionar sobre nossos atos. A gente fere aqui e pode ser ferido lá na frente e temos como sociedade aprender sempre mais e mais.

Carlos Emanuel
Enviado por Carlos Emanuel em 07/04/2021
Reeditado em 07/04/2021
Código do texto: T7226076
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