CARTA DO MORRO

Oxente!... Se aperreia, não, menina. Tá queimando fósforo sem necessidade?! A vida é assim mesmo, feita de adversidade. O jeito é olhar o céu, olhar o mar, escutar uma música, chupar uma manga, deitar na rede, fazer amor, sonhar e inventar histórias.

Tem gente que gosta de dinheiro. Tem gente que gasta dinheiro. E tem gente que não tem dinheiro. Pros que gostam de dinheiro, tenho pena deles: vão ter dor de cabeça. Pros que gastam, também tenho pena: vão ter que pagar as contas. Pros que não têm, como eu, eu festejo e solto foguete. Faço festa aqui no morro. Não tenho com que me preocupar: não tenho conta a pagar, não tenho medo do ladrão - nada tenho para ele roubar!

A vista é linda daqui de cima. Assim fico tranqüilo da vida. Se me deixam caminhar, eu vou. Se não me deixam, sento no banco do jardim ou na beira do meio-fio e aprecio as meninas... Tem umas que nem me olham, mas, de vez quando, passa uma que me da uma bola. Aí... chove na minha horta!

Fica fria que tudo se arresolve.

Bjs daqui de longe.

F.