Não estamos prontos

Mariana,

Não estamos prontos. Nunca vamos estar. Não posso falar por você. Então darei meu testemunho pessoal de que eu sei, por mim mesmo, com toda a sinceridade que jamais estarei pronto para tomar decisões, de saber o que fazer e viver conforme "o melhor para mim".

Existe uma frase que me persegue nesses momentos (e fui eu que formulei), e que me dá verdadeiro alento e confiança, mesmo na miséria, quando me sinto um zero a esquerda:

"Ninguém está preparado para nada nessa vida. Deus vem e coloca alguém na vida da gente e fala: se vira? Não é bem assim. Sei que o Criador nunca dá aos Seus filhos nada sem que antes prepare um caminho pelo qual Seus desígnios possam ser cumpridos".

Sei que NUNCA estarei pronto. Pois o próprio caminho é a nossa realização pessoal. Contudo, torna-se mais fácil eu arriscar tudo em minhas palavras hoje falando com honestidade e todo coração, do que me arrepender depois por não ter dito nada; muito do que sofremos ao longo da vida (mudanças, conquistas, transformações, influências familiares, de cônjuges e 'inimigos' que nos aproximam ou nos afastam do estado de felicidade. E esse estado, muitas vezes a gente tem medo (até pavor), pela transitoriedade da vida. Nenhum momento é para sempre, desde que a gente esqueça do tempo cronológico. "Prolongamos os bons momentos que estão a se escoar", pois são destes que encontramos entusiasmo. E a inspiração? E a paixão? Será que é nesse estado que as vezes tememos alcançar?

Não quero ser omisso. Pois conheço bem esse pecado, o da omissão. Sem justificativas, sem razão de ser. Quem nunca se isentou de algo. Ou pulou fora de uma situação difícil? Aliás, muitas faltas que cometemos tem esse teor injustificável. Não queremos lutar. Eu perceber que eu não tenho culpa do que aconteceu, mas a responsabilidade dos desdobramentos e consequências, me dá uma posição de autoridade sobre minha vida. Eu escolho sempre onde quero estar. E eu quero estar aqui bem vigilante.

O sentimento de culpa me aprisionou durante muitos períodos de comiseração e desamor. Mas e a parte que cabe a Deus, da Sua compaixão e misericórdia? Porque não deixamos Ele fazer a Sua parte enquanto trilhamos um caminho melhor, mais coerente? Essas questões eu faço naquele caminho à beira do lago onde encontro dentro de mim as respostas na voz do autor da história das nossas vidas.

Continuo o mantra: não estamos prontos. E é um sentimento, uma emoção. Será que somos incapazes e inúteis? Não!!! Não estar pronto é a condição básica para que busquemos a vigilância, a oração e os atos de Amor concretos. Não teorias e milhões de possibilidades inaplicáveis. Então estou pronto?

Sou capaz! Sou luz, sou sombra... Sou simples, sou complicado. Eu sou. Fui criado para enxergar a minha essência e conter meus ímpetos mais vorazes. Sou tanta coisa boa. Então, por que não, somos tudo? A alegria, a felicidade, a soma de rodas as coisas... Somos o denominador comum da equação de Deus. E jamais podemos eliminar desse cálculo suas variáveis, pois delas crescemos e amadurecemos.

Sem medo, sem culpa...

E até isso tem como somar e subtrair...

Só não dá para viver sem amor e sem sonhar.

...

..

.

Alfredo