Carta de amor

MEU AMOR:

Talvez esta seja uma daquelas cartas ridículas que nunca deveriam ser escritas, mas, tal como diz o poeta, talvez mais ridículo fosse eu se não a escrevesse,

Amor, sim amor, é a palavra que exprime tudo o que motiva o meu viver nos dias que correm, mas não é um amor qualquer, um amor vulgar, corriqueiro, é antes um amor muito, muito, especial, é o amor que sinto por ti.

Curiosamente é um amor tão grande e ao mesmo tempo tão angustiante, é um amor que me dá felicidade e ao mesmo tempo me dá medo, medo não por ti, mas sim por mim, não por ti porque te amo do fundo do coração, não por ti porque te respeito em toda a acepção da palavra, não por ti porque confio plenamente em ti e no teu amor por mim, posso parecer convencido mas é a verdade, eu poria as minhas mãos no lume por ti, mas por mim porque tenho medo, é verdade, pela primeira vez na minha vida eu sei o que é ter medo, tenho medo de te desiludir, posso ser ridículo mas, tal como não tenho complexos em declarar que te amo, também não tenho vergonha de confessar o meu medo, tenho, ainda, medo de te magoar, de não te conseguir fazer feliz.

Quando descobri que te amava, decidi viver para ti, para te fazer feliz, para orientar a minha vida de modo a viver em função de ti, é isso que tenho feito, desde então, sem qualquer sacrifício ou esforço, tenho-o feito de forma espontânea e natural, tenho-o feito com toda a força que os amantes conseguem dar aos seus actos, no entanto, por vezes, sinto-me como que incapaz de atingir o grande objectivo da minha vida, fazer felizes aqueles a quem amo.

Nunca tive razões de queixa da vida, talvez ela tenha mais razões de queixa de mim, e no entanto, por vezes, sinto uma angustia tão grande dentro de mim, é algo que nunca consegui explicar, nem sequer entender, sinto-me como que um ser inútil, alguém que nunca conseguirá servir para nada, alguém que é amado e depois não retribui esse amor em forma de felicidade ás pessoas que lhe são tão dedicadas e tão queridas.

Se esta carta já era ridícula, desde o inicio, agora está ainda muito mais ridícula, mas por vezes deixo-me ir abaixo, não consigo superar este meu medo de não te conseguir dar tudo o que te prometi e que tu mereces, ser feliz.

Não quero desistir a meio da corrida, não quero falhar, não quero desiludir aquelas a quem amo e que tanto amor me têm dado, mas, acredita, por vezes os medos conseguem ganhar a etapa, mas espero que no conjunto de todas as etapas seja minha a vitória final, e que nesse final tu lá estejas, na meta, a sorrir para mim, mas a sorrir de felicidade.

Só há uma coisa que os meus medos nunca conseguiram vencer, a certeza que eu tenho dos meus sentimentos por ti, aí não deixo entrar medos, incertezas, dúvidas, aí ganho não só a prova final mas também todas as etapas, aí sou eu que vou sempre na frente.

Vou terminar esta minha carta ridícula com um pedido:

Mesmo que por vezes me vejas melancólico, introvertido, chorão, triste, acredita que nunca deixarei de te amar, se eu não conseguir cumprir o meu objectivo, fazer-te feliz, acredita que não foi por falta de amor, foi sim por incapacidade, talvez até por cobardia, mas nunca por falta de amor

FrancisFerreira