Bandit
(FAUVE)


Eu nunca mais vou ouvir seu uivo,
seu latido de alerta, seu ganido,
meu ruivo.
Nunca mais vou ouvir o seu gemido
de pura alegria à minha chegada.

Nunca mais vou ver sua corrida
doida, elétrica, desenfreada.

O seu pelo dourado cortando o ar
como uma raposa em disparada.


Nunca mais hei de provocar seu ágil pulo
no afã de ganhar um bom regalo
E agüentar sua lambida molhada

no seu modo peculiar de me beijar
Ou sentir sua pata ... sempre delicada,
pedindo mais doces, cafunés e afagos.


Não mais irei gritar "cala a boca, menino", nas madrugadas
Nem te reservar o maior e melhor osso – bem disfarçada ...
Ou brincar de engana-tolo, bolo-de-rolo, joão-bobo,
só prá te dar um pedacinho do meu bolo.


Não vou mais ver seus olhos castanhos, dourados
grandes, amorosos, arregalados;
Nem aquele seu andar desengonçado,
torto, rebolante,
bandeado
E seu rabo de espanador agitado.


Não vou mais me sentir segura, com seus dentes afiados
a ameaçar qualquer estranho incauto, descuidado,
me protegendo, se preciso fosse, com sua própria vida!


E não vou te levar para o nosso passeio
sentindo toda tua manha, tua prosa, o teu anseio.
Depois, sentado na Pedra da Virgem - meio alheio,
aguardar minha Ave-Maria, das seis da tarde.



Adeus Amigo
com quem tanto conversei,
na cabeça onde chorei ...
Eu nunca mais vou te esquecer!
Descanse em paz:
você bem mereceu!


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Em tempo:
Tudo isso não é verdade,
pois eu sempre vou te ver correr adoidado,
sob o sol da manhã,
no verde do meu gramado.


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Silvia Regina Costa Lima
30/0
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/1997 - (um dia para marcar com uma pedra preta. como os romanos faziam)
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 03/01/2008
Reeditado em 13/08/2015
Código do texto: T801702
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