O ESCRIVÃO VICIADO

Um homem era tão viciado em escrever que passava horas e horas escrevendo de forma ininterrupta. Seja de dia ou de noite. Gastava uma resma de papel por semana, vários cadernos e blocos de anotações. Até em guardanapo ele não se cansava de escrever.

Até que um dia todo o papel de casa acabou e ele entrou em desespero. Então começou a escrever nas capas dos livros e cadernos, nas toalhas de mesa, nas paredes caiadas, nos envelopes de cartas recém-chegadas, etc, para desespero e revolta de toda a família.

Sua mulher não agüentou mais aquilo e decidiu fazer algo: pegou-lhe pelo braço e o levou até a beira da praia. Ela lhe deu um graveto e pediu-lhe que escrevesse tudo que quisesse na areia da praia. Ele então se desatou a escrever impulsivamente tudo o que lhe vinha à cabeça.

Após rabiscar por horas a fio, a maré foi subindo e uma súbita onda apagou todos os seus rabiscos e inscrições. Ele ficou enfurecido e reclamou à sua esposa de que a maré levou embora todas as suas palavras. Ela lhe contestou, dizendo assim:

- não foram suas palavras, mas sua LOUCURA que foi embora com elas.