A mulinha zebrada
- Bento Mariano!! Ô cumpadi Bento!!!!
Era o coroné Justinu berrano feito um cão raivoso e babano di réiva, na frente do portão da casa do cumpadi Bento.
O cumpadi Bento saiu meio assustado e priguntô – Que é,coroné? Que berrera é essa?
- Óia só o que fizerum côa minha mulinha Branca de Neve?! Pintarum ela di zebra. Quero sabê quem foi o fio duma égua que fêiz isso pra minha mulinha.
- Cruiz credo, coroné!!! Mais que judiação, qui mardade! A cuitadinha tá cós zóio triste, parece inté tá perchebeno o que fizerum cum ela.
- Será que num foi o Zuzinha, cumpadi Bento? O seu rapaizinho é virado no avesso de artero.
- Foi Zuzinha não, coroné Justinu! Faiz uma sumana que o guri tá côa mãe na casa dos avô, lá pras banda do Arraiá do Alevanta Saia. Faiz o siguinte: acabei de chegá da venda do Marcaí e o pessoar tava lá morreno de se ri cum arguma marvadeza qui argum dêis andô fazeno na noite passada. É mió o sinhô priguntá por lá, tá bão?
Lá se foi o coroné, u cumo dizem pur aqui, o corné Justinu (co perdão da má palavra) pra venda do Marcai pra vê si descubria o dono da marvadeza.
Já chegô na frente da venda berrano. Feito cão raivoso. Babano di réiva.
- Quero sabê quem foi o atrevido que fêiz isso pra minha mulinha Branca de Neve. Quero sabê se tem hómi aqui qui é capáiz de dizê qui foi êie!!!
Nisso se alevanta o Tonelada, uns cem quilo de músclo, dentes arvo, branco dos zóio que inté cintila, retinto não ... aquelas coisa:
- Fui ieu, coroné!!! Fui ieu qui pintei a Branca de Neve desse jeito!!! Vai encará??? O que ocê tá quereno?
E o coroné Justinu abaixô a vóiz, si acarmô e arrespondeu pro Tonelada:
- Não muita cousa, Tonelada. Eu só queria sabê quando ocê vai passá a segunda mão...