TODOS OS SANTOS E UMA MÃE
Meu amigo Lito é um sujeito engraçado, bon-vivant, muito amigo do pulha, como diria Mestre Machado.
 Adorava boemia, cerveja das, jogar conversa fora com os amigos na Cantina da Lua e falar da vida alheia, que é pecado, mas, é divertido. E mantinha essa rotina, diariamente, apesar da mãe,ou por causa dela.  A mãe era uma santa senhora espanhola, ultra religiosa, viúva honesta, que dedicou toda sua vida ao filho; mães assim constituem um perigo, principalmente, esta, cuja altura,peso e cabelo nas ventas, parecia um sargento dos granadeiros e velava pela saúde do filho com a tenacidade de um policial.
Na verdade ela era uma mistura de mãe portuguesa, judia e italiana; junte tudo isso e veja no que dá.  Quando meu amigo se preparava para as noitadas, lá vinha a boa senhora, atrás dele, marcação homem a homem, carregando casacos de lã, ignorando solenemente os 35º de Salvador; isto e mais a gemada, contra a tuberculose, o cordial, contra gripe, toda uma parafernália de poções, alimentos e quejandas que daria para abastecer um exercito; meu pobre amigo, magrinho, baixinho, não tinha onde armazenar tanta coisa. Paciente, ia ele se dirigindo prá porta, era dessas casas antigas com um longo corredor e ela atrás, falando: - meu filho, Sr, do Bonfim te acompanhe.
A. Senhora de Guadalupe, te guarde.
Sto.Antonio que te ilumine.
Sta.  Bárbara, que guie teus passos. E meu amigo, andando; no fim do corredor, já com a mão na maçaneta, ele retruca:
 - Mãe, escolhe quem é que vai, pois meu carro é fusca e ainda tem que deixar lugar para minha namorada.
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 04/09/2009
Código do texto: T1791747
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.