A Índia e o Gringo

Cabelos longos, pretos e vistosos. Lembravam um veludo preto, brilhando como ouro. A pele marrom, não só pela genética, mas também pela ação do sol, contrastava o azul do céu ao fundo. Os olhos, duas esmeraldas grandes e brilhosas dentro de uma amêndoa aberta e perfeitamente desenhada.

As mãos levavam um coco aberto até a altura da cabeça e despejava aquela água que escorregava pela pele e marcava a pedra seca logo abaixo do corpo da índia. O movimento de virar o fruto lentamente para que o líquido endospérmico refrescasse o corpo, era lento e repetitivo. Ela tinha todo o tempo do mundo.

Na praia, um mar calmo e cristalino movido por uma brisa morna, repousava e voltava sobre a areia alva e limpa. No lado oposto, uma mata de restinga tornava-se mais densa terreno adentro.

O Gringo assistia à cena com vontade de se masturbar, mas verificou que ali não havia mais ninguém além da Índia. Poderia aproveitar-se da doce e inocente mulher ou menina. Ele chegou ao lado dela, que permanecia na partitura do banho.

Quando o Gringo ia falar, ela sorriu para ele e deixou o coco de lado. O Gringo estava completamente paralisado. Sorrindo, a Índia pegou nas mãos dele e o levou para dentro da floresta.

Depois que o Gringo se lambuzou e fez a Índia se lambuzar, ela correu pra dentro da mata, rindo alto como uma criança. Ele foi atrás mas não conseguiu alcançá-la. Estava cercado pela floresta.

O que aconteceu é um mistério nunca solucionado; todos que entram na mata encontram a Índia e depois se perdem. Nas praias do mundo inteiro são encontradas cartas e presentes remetidos à Índia.

Poucos se atrevem a a ir a aquela praia, só os aventureiros de verdade que dizem que uma aventura com a nativa vale a própria vida. E a praia da Índia é só dela e dos animais, vegetais, fungos, protozoários e bactérias próprios de uma mata de restinga.

Eu penso em ir quando estiver lá pelos oitenta anos.

Malluco Beleza
Enviado por Malluco Beleza em 03/12/2009
Reeditado em 03/09/2013
Código do texto: T1957920
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