A morte narrada.
O fato é que nem os acadêmicos, aqueles que estudam a literatura a ponto de ganharam o título de doutor, jamais conseguiram decifrar ou achar uma foto do autor. Talvez ele nem tivesse nascido, ou tivesse sido o vulto de um espírito que fizera um medíocre qualquer escrever histórias interessantes.
O homem que deixou rastros literários passou como um cometa tão rápido e brilhante pelo seleto saguão da fama literária que nem teve tempo de cravejar seu nome nas pedras das palavras. Aquilo que acreditava ser seu registro mais próprio e peculiar não passou de um mero rabicho para os doutores da arte.
Alguns contam histórias sobre um homem magro e esquisito que ninguém sabia o que fazia na época ou de onde vinha, e diziam que ele morava bem ali, no prédio velho de portão de ferro. E a controversa desse caso, quase um conto, está em algumas pessoas, também freqüentadoras do mesmo local, jamais terem visto ou ouvido falar sobre.
A Ciência da Literatura não quis aceitar um anônimo como um grande criador na arte das letras. Devia ser um nome e não um rabicho qualquer; devia haver uma foto dele em algum lugar e ter algum manuscrito enviado pelo próprio em algum arquivo de editora. Então, um mero nome tornou-se até tese de doutorado.
A paranóia foi tanta que se esqueceram de publicar seus escritos – todos achados em locais públicos da cidade. E estes só tornaram-se do povo, uns vinte anos depois. Logo após alguns dos mais entendidos do assunto “autor misterioso” chegarem a um consenso de um batismo.
Até então, a vasta obra estava apenas à disposição dos estudiosos, daqueles que escreveriam artigos sobre o imenso trabalho do escritor sem nome, tentando desvendar fatos sem pistas, contando uma morte sem narração e batizando o rabicho de “Java Jota”.