Edificação das inverdades


Certa vez, um profissional que laborava na arte de pedreiro. Ao ser contratado para edificar algumas reformas numa empresa teve acertado o numerário. Com a crise financeiro-econômica que assola a todos no mesmo prisma. Possivelmente, a conjuntura daquele trabalhador em obras parecia ser a das piores. Concluído o pleito em quarenta e cinco dias, compareceu ao desígnio para receber o dinheiro do serviço prestado. Andando pela calçada de acesso à empresa, uma brisa fria passou em seus braços. E o homem disse:

- Que o vento seja do meu lado e não me abandone nesta encruzilhada.

Ao adentrar no pátio da bem localizada empresa de capital social de 250 milhões. Uma voz da diretoria – O Presidente e diretor financeiro que se chama Vladimir com cargos cumulativos observa pelo circuito interno o pedreiro. De imediato disse ao subordinado:

-Esconde, esconde o dinheiro no cofre. Depois, contaremos e efetuaremos o pagamento da folha do mês. Ele não pode ver o nosso dinheiro. Por favor! Atenda o pedreiro e diga que lá para aproxima semana, faremos o pagamento. Ou melhor, invente qualquer coisa para este otário.

O singelo homem de mãos vazias, calça e camisa surrada, submerge na suntuosa recepção, dirigindo-se ao Departamento financeiro, momento em que é atendido pelo tesoureiro dando boas vindas.

-Bom tarde, senhor João. Infelizmente eu não tenho uma novidade boa. É que todo o dinheiro das contas da empresa foi objeto de penhora judicial on line. E o senhor deve saber como são essas coisas na Justiça.

O homem suspira e diz:

-Não me fale uma coisa dessas. É tudo o que tenho para viver por nesses dias. Comprei todo o provimento da boca fiado para pagar hoje com este dinheiro.

-Quer uma água ou cafezinho? Eu lamento senhor não poder fazer nada. Não lhe dou em cheque pelo justo motivo de não possuir dinheiro em conta. Acalma-se.

Novamente, o homem olha para uma única direção, avistando o cofre. Naquele momento, o invisível passava pelas fendas da porta e se misturava com o condicionamento do ar interior daquele espaço fechado. Sem sombras de dúvidas, o homem percebeu o sistema de arrefecimento parar. Instantes em que a visão com a brisa abria um canto convexo no direcionamento do cofre, e nesse ínterim, o pedreiro teve a certeza aberta na luz da visão o dinheiro. Calado, partiu com as lágrimas sobrepujando o coração.

Com os passos sofridos, o favônio descia ao encontro daquele humilde sem destino. Momento em que o homem observou, e disse:

-Nada sei mais de minha vida. Nem sei o que dizer para os meus credores.

Naquele instante, uma nuvem escura subiu aos céus na extremidade do horizonte formando uma repentina chuva com ventos fortes. Era um tufão que atravessava a pequena cidade numa agonia. Ainda, desviando-se pelas marquises e com o corpo molhado, a ventania gerada pela energia térmica enfurecida, descia em direção a um determinado lugar.

Em minutos, aquele inusitado parecia com o olho do ciclone Isabel num movimento circular retrógrado do anticiclone, girando em direção à empresa Industrial. Sem demora, não restou nada em pé e todas as edificações ficaram deitadas ao solo. Da mesma forma, o Parque Industrial reduzido a zero com incêndio e explosões. E dali, o enfurecido ciclone tropical partiu na direção oeste.

No outro dia, um vizinho do senhor João comentou:

-Tá sabendo João que a empresa onde você trabalhou não existe mais?

-Não. Eu não sair mais daqui de casa após a ventania. Acabou tudo lá mesmo?

-Sim. Lá está um verdadeiro inferno. O dono da empresa tá mais pobre do que um morador de rua. O tal de Vladimir dono da empresa ficou chorando junto com os funcionários, além de ter perdido a sua mulher que foi esmagada por uma laje. Que pena!

-É um infortúnio para quem molesta os humildes com a mentira, achando que o poder também se perde entre as verdades do tempo.




ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 12/07/2012
Reeditado em 25/11/2012
Código do texto: T3774437
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