COISAS VIVIDAS NO CONGO

COISAS VIVIDAS NO CONGO

Marcial Salaverry

Quando alguém se propõe a viver em um país estranho, tem que estar pronto para o que der e vier, pois sempre teremos que nos adaptar aos usos e costumes vigentes nesse país, já que é impossível, que o país se adapte à nossa maneira de viver, o que parece lógico, não ?

Agora uma mudança radical como a que fizemos, realmente, revela um grau de insanidade mental, única condição que permitiria adaptação a usos e costumes tão diferentes dos nossos. E teríamos que fazê-lo, se quiséssemos viver lá.

Logo no primeiro domingo, fomos ao “Libre Marché”, que era, digamos, a Ceasa de lá, e os primeiros choques, pois os hábitos alimentares dos congoleses, eram demasiado peculiares para olhos ocidentais. Vejam, mais ou menos, partes de seu menu, e que foram assistidos pelos 3 pares de olhos ávidos recém chegados:

Entrada: um gostoso sanduíche de Coca-Cola... Como ? Sanduíche de Coca-Cola? Sim, basta pegar um pão, cortá-lo ao meio, e despejar a bebida nele. Qual o problema?

Acompanhamento: um nutritivo sanduíche de mandruvá... Mas, logo um mandruvá? Sim, um apetitoso mandruvá. Vocês conhecem o mandruvá? Aquela lagarta que dá no pau podre? Pois bem, é ela o recheio do sanduíche em questão. Cumpre salientar que são vendidas no mercado, vivas, lépidas e fagueiras, em cestos de bambu cheios de terra. O interessado corta seu pão ao meio, dirige-se ao vendedor, compra 2 ou 3 daqueles bichinhos apetitosos, logicamente ainda vivos, e simplesmente os coloca dentro do pão, e voilá, eis um delicioso Mc Mandruvá...

O texto acima é um dos episodios vividos durante minha estada no Congo, totalmente contada no livro UM BRASILEIRO NA ÁFRICA.