UMA CONVERSA HILARIANTE

UMA CONVERSA HILARIANTE – (CONTO)

...Um lindo domingo. Céu azul de brigadeiro, um sol resplandecente a ponto de mesmo, àquelas horas da manhã, já estar quente como se tarde fosse. Eu, descansando de uma árdua jornada de trabalho da semana que se passou, bem descontraído e absorto em minha sala quando ouço o soar da campainha. Ao atender à porta, uma agradável surpresa, era meu amigo, de longas datas, o Ruivaldo o qual há muito não o via. Seu apelido lá na cidadezinha onde juntos moramos era “Rui-sabe tudo”, era um sujeito super agradável, engraçado, de tudo ele sabia (o que lhe originou o tal apelido) e, de tudo sabia mesmo, os seus dotes... um deles... era um excelente “pé de lã” ninguém, naquele vilarejo, sabia dançar como ele, o cara era bom. Nos estudos, sempre frequentávamos a mesma classe, Rui era bom em todas as matérias, mas pecava no Português, não lhe entrava na cabeça o modo correto de escrever ou pronunciar certas palavras então, nós os seus amigos, nos ”divertíamos” em ouvi-lo com aqueles palavreados, embora, inocentemente, errôneos. Nunca o subjugamos, pois sabíamos de seu jeito de ser. Nada mais justo pelo motivo de que isso em nada afetaria nossa amizade.

Explicado, acima, sobre um pouco do meu amigo Rui, voltemos à visita.

Recebi-o com muita honra e deixei-o à vontade como se estivesse em sua própria casa, afinal de contas, era um dos meus melhores amigos e, depositava em si, muita confiança.

Passaram-se várias horas e Rui me solicitou que o levasse a conhecer a cidade, pois deveria partir mesmo naquele dia por força de seu trabalho no dia seguinte. Para satisfazê-lo assim o fiz.

Durante o trajeto, Rui já me fez, internamente, rir.

- Tá vendo aquele hidratante? Lógico que ele queria dizer hidrante . – Eu uma vez peguei, lá na cidade, uma multa desgraçada, tinha um guarda ali e meteu-me a caneta sem dó, tentei conversar com ele, mas o “fio da mãe” não quis saber então, no dia seguinte telefonei para a delegacia para falar com o delegado, mas risquei e risquei ninguém atendeu aí resolvi ir até lá. – Reclamei que só tinha parado um pouquinho ali para pegar um pastel na lanchonete, já iria sair, mas, que... o...que... O seu delegado me falou então: - Olha Sr.Ruivaldo o guarda, ao submeter-lhe a multa, em seu talão as folhas já vêm carbonizadas pois fica uma via com o infrator e uma vai para o DETRAN para que seja efetuado o processo de cobrança então, não tinha jeito dele dar-te uma simples advertência após isso. Mas, o senhor Poderá recorrer através dos meios legais.

– Ta bem doutor vou fazer isso, mas se aquela multa já estava carbonizada poderia, o guarda, tê-la jogado fora, estava queimada mesmo ué!...

- Não. Disse-me o delegado com ar de risos – Carbonizada quer dizer que foi usado um carbono para que se pudesse efetuar uma cópia.

- Obrigado seu delegado, já vi que não tem jeito mesmo. Diante disso fiquei mudo e calei-me, despedi-me e fui-me embora a pensar que teria mesmo que pagar aquela “maldita” multa... Fazer o que, pois recorrer iria perder tempo e pra isso teria de pagar a multa antes então deixei como estava.

Continuando nossa jornada, paramos para um café. Algumas outras gafes do Rui. Ao entrarmos numa lanchonete Rui ficara encantado com aquele ambiente; total higiene, acondicionamento dos alimentos em perfeito estado de conservação. Sentamo-nos e, logo Rui, aparentando um voraz apetite apoderou-se de um dos catálogos de cardápios e logo solicitou ao “garçom”: - Por favor senhor traga-me, em primeiro lugar, dois aperitivos tipo “quebra gelo” aquele grátis da casa pra nós dois, eu pago tudo pro meu amigo aqui, afinal de contas, estou de visita prá ele e ele merece. Mas, o que Rui não sabia é que aquele moço não era um garçom e sim um médico que acabara de adentrar e, por sinal, um conhecido meu. Fui disfarçando e cheguei-me a ele e após explicações, pedi-lhe desculpas pelo ocorrido o qual entendera perfeitamente, também aos risos. Após isso expliquei ao Rui, meu amigo, que naquele lugar não havia garçons, o local era servido por garçonetes que ficavam à espreita até que fossem solicitadas ao toque de um aviso que havia sobre a mesa. Assim que terminamos ao café, saímos para o retorno à casa

Prosseguindo, Rui, repentinamente, me pediu que déssemos uma paradinha.

- Oh!... colega. Falou-me – Ao passarmos em frente àquela Igreija me deu uma vontade de tirar uma “aguinha do joelho” acabei de ler lá a palavra “SANITÁRIO” e me deu uma vontade tremenda de dar uma “mijadinha” eh!...eh!...

Essa foi a campeã de todas. Paramos em outro local, pois Rui lera errado. O que ali estava escrito era “SANTUÁRIO”. Não o corrigi, ignorando o acontecido.

Já se fazendo um pouco tarde, chegamos a casa, estava na hora de Rui ir-se. Lá na sala, os momentos que restavam, ainda me contou:

- Você se lembra do meu primo “Chicão”?

- Claro que sim, o que houve com ele?

- Morreu.

- De que? Ele era um sujeito que aparentava ser bem saudável, sem problemas alguns...

- Pois é a minha prima disse que foi um infarto do miocardio do coração conforme estava no óbito, mas eu acho que foi é fibrose no fígado, o cara era um beberrão de primeira.

Assim, com um sorriso necrológico, encerramos ali o dia da visita.

- Meu amigo “Ruizão”, disse-lhe. - Volte mais vezes aqui para jogarmos muita conversa fora e obrigado pela sua visita, obrigado por lembrar-se de mim. Deus o acompanhe em sua viagem de regresso.

- Sim, eu também fiquei muito feliz em saber que você está bem. Dê-me aqui um abraço e aguardo uma visitinha sua também. Ah! Lembrei-me, a dona Joana mandou-te um abraço bem apertado e me pediu pra dizer que ela gosta muito de você.

- Diga a ela, minha ex-vizinha, que eu retribuo.

Rui partiu me deixando boas recordações e eu afirmo mais uma vez, embora com seus inocentes defeitos, esse é “o cara” um amicíssimo de primeira ordem e sempre será, para mim, um bom amigo.

....FIM...

lucionadir
Enviado por lucionadir em 11/09/2013
Reeditado em 16/10/2015
Código do texto: T4476479
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