CHICO LOBO E O ELEVADOR

De minhas grandes amizades, sempre vou recordar esta com o amigo Chico Lobo. Sempre valente e com um conhecimento caipira muito grande, Chico Lobo sempre fará parte de minha infância.

Desta vez, eu o chamei para ir a Belo Horizonte, pois ele queria muito conhecer a Capital e era seu maior sonho.

Fomos de carro. No caminho, ele me contou muitos episódios de sua vida. Sua infância, seu namoro, seu casamento e sua vida à caipira. Não sabia ler, jamais tentou escrever seu nome, mas em matéria de conhecimento, era um grande pesquisador. Conhecia todas as árvores, todas ervas, plantas e gramas.

Chegando à Capital, fomos direto para o hotel. Já era noite e estávamos cansados. No dia seguinte, iriamos fazer exames médicos.

Na chegada ao hotel, Chico ficou meio confuso, não conhecia nada, nunca tinha saído de seu lar. Tudo era estranho. Os móveis do hotel, as empregadas e os acompanhantes. Era uma missão impossível sua entrada no hotel. A porta giratória, a qual ele recusou a entrar, ficou com medo, mas com bastante conversa, ele pode passar tranquilamente.

No cadastramento de hóspedes, Chico disse que era da roça, não conhecia nada além de sua terra natal. Rapidamente, fez amizade com o recepcionista, e este o achou “um barato”, porque assemelhava um caipira em uma cidade grande.

Feito o cadastro, os acompanhantes pegaram nossas bagagens e saímos em direção ao elevador.

Quando o elevador abriu as portas, Chico olhou meio franzino e disse:

__ Por tudo o que é mais sagrado, eu não entro nisso. Isso cai e não quero ficar preso dentro deste guarda-roupa.

Foi difícil, mas não consegui fazê-lo entrar no elevador. Então, a opção mais fácil foi subir pelas escadas. Que sacrifício, aqueles oito andares, degrau por degrau...

No quarto, entramos e as camas eram separadas. Ele, por sua vez, tirou suas bagagens da mala, foi para o banheiro e tomou um banho. A mesma coisa fiz eu. Já cansado, liguei a televisão e comecei assistir alguns programas. Dormi.

Quando acordei, não vi Chico Lobo no quarto. Que susto. Imediatamente liguei para a portaria e fui informado que Chico Lobo passou um bom tempo andando de elevador. Informei do porteiro, e ele me disse que Chico aparecia e desaparecia dentro do elevador, ou seja, o elevador chegava à portaria, abria a porta e Chico fechava a porta, fazendo com que o elevador fosse para outros andares.

Já despreocupado, perguntei para o Chico porque ele fez isto. Então ele me disse, que queria ir ao banheiro, mas errou a porta. Entrou dentro do elevador, pensando ser banheiro e apertava os botões sem parar, até que cansou e começou a gritar pedindo socorro.

Cansado, deitou na cama e dormiu, até que o dia amanhecesse e fossemos fazer os devidos exames.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 12/08/2014
Reeditado em 21/06/2016
Código do texto: T4920358
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