"A Geladeira"--Contos Curtos.

-Roberval, tenho certeza que estás me traindo ,ou estás impotente.! Há duas semanas não me procuras !, gritou Amélia, olhos estrelados a lhe saírem das órbitas, dedo em riste, voz esganiçada. E está tudo direitinho escrito ali na geladeira, toda a liberdade, é só olhar!

-É isto mesmo ,Amelinha, eu te traio! Hoje, por exemplo, ao levantar, a criada estava limpando a cozinha e eu a peguei por trás, deu vontade, e a comi ,nem sei que horas eram, nem sei se foi na cozinha ou na despensa. E depois, ao chegar no escritório, entrei na sala da minha secretária, nem sei que horas eram, nem me lembro se era sala ou banheiro e logo tive uma relação com ela, sem problemas,sem hora marcada ou lugar, e na hora do jantar, no restaurante oulobby,deu vontade com uma freguesa e repeti a dose.Não estou impotente não, é o teu jeito que não gosto, que não suporto fazer sexo Não aguento mais mesmo, Amelinha ,a tua desgraçada, maldita geladeira onde grudas o adesivo dosdias,dashoras e em quais lugares posso fazer sexo contigo! Só de olhar na geladeira perco naturalidade vontade,a tesão.Na geladeira,o horário é às dez horasde quarta feira, no quarto do casal, na cama,e depois do banho! Sou um robô sem direito a trepar quando sinto vontade, sem horadiaou lugar marcados, Amela!Isto deve ser Natural !Quando estás enrolada na toalha no banheiro por exemplo,as sete da manhã, ou quando são três da tarde de um domingo e estás de short na cozinha. Comigo,É NATURAL AMELINHA!

-E?Roberval?

Sentado após o desabafo, ele diz calmamente:

- E, ou pões a geladeira para fora de casa, ou sais sem ela.

E leva o adesivo grudado no bumbum!

Suzana da Cunha Heemann
Enviado por Suzana da Cunha Heemann em 18/07/2015
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